Apesar de ter mandato bem avaliado em Brasília, a senadora Simone Tebet (MDB) vai ter que superar muitos obstáculos para conseguir se reeleger em 2022. A começar, a emedebista não se alinha nem com o Governo estadual, de Reinaldo Azambuja, nem com o Governo federal, de Jair Bolsonaro.
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), uma das mais importantes do Senado, Tebet tem atuação parlamentar bastante elogiada. Na noite de quarta-feira (20), por exemplo, ela foi entrevistada pela “Central Globo News”, programa da emissora de mesmo nome, apresentado por Heraldo Pereira.
No âmbito estadual, no entanto, a herdeira política de Ramez Tebet, ex-governador, ex-senador e ex-ministro, morto em novembro de 2006, não tem tido a mesma avaliação. Além de abandonar a militância e distanciar-se da sua base – enclausurada sabe-se lá onde, talvez em Brasília ou São Paulo – Simone não é mais unanimidade dentro do seu partido, o MDB.
Em 2018, a senadora foi indicada pela legenda para substituir o ex-governador André Puccinelli na disputa pelo Governo do Estado contra o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Simone era a única do MDB que tinha mandato a cumprir. Sair candidata e perder não teria, em tese, peso nenhum sobre a senadora.
Mas ela desistiu da disputa e empurrou o MDB para onde ele não queria ir: ou para os braços de Azambuja ou escolher um segundo nome, de menor densidade eleitoral.
E foi isso que ocorreu: o MDB indicou o então deputado estadual Junior Mochi para enfrentar o governador Azambuja e o juiz aposentado Odilon de Oliveira. Além de não ir para o segundo turno, a agremiação perdeu representação no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa.
O MDB sofreu revés pouco visto em sua história e, parte desse insucesso, foi atribuída à Simone Tebet. Alguns emedebistas não perdoam o fato de a senadora ter deixado o partido na mão. Os motivos da desistência foram mal explicados e até hoje a decisão é tratada com reserva.
A agremiação, segundo apurou o MS em Brasília, não fará qualquer esforço para que Simone dispute a reeleição para o Senado. “O cavalo passou encilhado, mas ela não montou e deixou o partido sem direção”, diz um emedebista, colocando dúvida sobre o futuro político de Tebet no MDB.
Fato é que, além do seu próprio isolamento em relação ao Estado e a falta de sintonia com os governos federal e estadual, a senadora terá que usar toda a sua verve e inteligência para reconquistar espaço dentro do seu partido a fim de não chegar em 2022 isolada politicamente.
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