De Brasília
Ex-jogadora da seleção feminina de vôlei, Leila Barros mora em Brasília. A bancária Erika Kokay também tem residência fixa na capital do país, assim como o jornalista José Antônio Reguffe. O professor Izalci Lucas Ferreira é radicado em Brasília, da mesma forma que a administradora Celina Leão.
O que todas essas pessoas têm em comum? Elas são representantes do Distrito Federal no Congresso Nacional. São senadores e deputados, cada um com sua forma de atuação, suas ideologias e bandeiras a serem defendidas ou, em alguns casos, nem uma coisa nem outra.
Esses parlamentares têm também em comum cota para custear várias despesas, como aluguel de escritório, pagamento de energia, água, telefone e TV por assinatura, por exemplo. Os deputados podem gastar até R$ 30.788 por mês e os senadores, R$ 21.045.
O dinheiro também é utilizado para contratação de consultorias, pagar pela divulgação das atividades parlamentares, alugar veículos, abastecer a frota de veículos, se for o caso, entre outras despesas.
Dos 11 representantes do DF no Senado e na Câmara, oito tiveram gastos bancados com dinheiro público entre fevereiro e novembro. Eles gastaram, juntos, R$ 1,56 milhão, média de R$ 156 mil por mês.
Apenas três parlamentares – a deputada Paula Belmonte (Cidadania) e os senadores Reguffe (PODE) e Leila Barros (PSB) – não gastaram um centavo sequer da verba a que tinham direito durante o ano.
Os gastões
Entre os que utilizaram a cota, a campeã em despesa é a deputada Celina Leão (PP) com R$ 312.318,83 utilizados entre fevereiro e novembro, seguida de Júlio César Ribeiro (Republicanos), com R$ 275.353,22, e Erika Kokay (PT), com R$ 273.893,54 em verba pública torrada.
Izalci Lucas (PSDB), único dos três senadores a utilizar a cota, teve despesas de 231.480,67 entre fevereiro e novembro. Os menores gastos foram dos deputados Luís Miranda (DEM), com R$ 72.714,77 e Flávia Arruda (PL), cujas despesas somaram R$ 82.975,02 em dez meses.
OPINIÃO
A não utilização de recursos da verba indenizatória deveria ser regra e não exceção para os parlamentares do Distrito Federal. Até porque todos eles moram, trabalham e se locomovem por Brasília e cidades-satélites.
Os gastos declarados por muitos deles não fazem sentido, como manter escritório em outra cidade, quando cada parlamentar dispõe de um gabinete bem estruturado, na Câmara ou no Senado, pago com dinheiro público.
A pergunta: por que uns gastam mais de R$ 300 mil da cota em dez meses, enquanto outros não fizeram gasto algum, se todos eles têm o mesmo domicílio eleitoral? Os brasilienses têm direito de obter essa resposta cobrando diretamente seus representantes.
Gastos da bancada do DF com cota do Senado e da Câmara – fev/nov/2019
1º Deputada Celina Leão R$ 312.318,83
2º Deputado Júlio César Ribeiro R$ 275.353,22
3º Deputada Erika Kokay R$ 273.893,54
4º Senador Izalci Lucas R$ 231.480,67
5º Deputada Bia Kicis R$ 175.169,58
6º Deputado Professor Israel R$ 141.562,00
7º Deputada Flávia Arruda R$ 82.975,02
8º Deputado Luís Miranda R$ 72.714,77
9º Senadora Leila Barros Não gastou
10º Senador Reguffe Não gastou
11º Deputada Paula Belmonte Não gastou
Total R$ 1.565.467,63