De Brasília
O Brasil é o país com a maior população católica do mundo. São cerca de 100 milhões de religiosos, ou 10% dos cerca de 1,1 bilhão de católicos de todo o globo. São números extraordinários. Tanto que os papas que estiveram no posto, nos últimos 40 anos, sempre fizeram questão de visitar nosso país.
O atual, Francisco, não deixou passar mais que quatro meses da sua escolha para vir ao Brasil. No final de julho de 2013, reuniu milhões de pessoas no Rio de Janeiro e em Aparecida, interior de São Paulo, durante a Jornada Mundial da Juventude.
Por onde passou, o Papa demonstrou carisma comparável ao do Papa João Paulo II: desceu do papamóvel para abraçar, beijar e abençoar crianças, jovens e adultos, mas também fez discursos contra a desigualdade social.
À medida que o tempo foi passando, o Papa começou a deixar transparecer seu posicionamento ideológico, sempre com o argumento de que “não gosta de analisar pessoas”, afirmando estar interessado apenas no impacto das ações dos políticos sobre os pobres.
Retórica apenas. O Papa enxerga apenas o que quer e não a realidade. Não se preocupa nem faz alusão sobre governos de linha socialista, cujas ações autoritárias, como as de Nicolas Maduro, na Venezuela, têm causado convulsão social, levando sofrimento à grande parte da população, com a falta de comida, água tratada e remédio.
Ao mesmo tempo, Jorge Bergoglio, nome de batismo de Francisco, demonstra muito incômodo com o projeto de Donald Trump de construir um muro para evitar a entrada de imigrantes, por meio da fronteira norte-americana com o México.
Após a vitória de Jair Bolsonaro, a Amazônia virou “a menina dos olhos” de Francisco. Várias foram as ocasiões em que o Papa se manifestou sobre essa região brasileira, que, aliás, vai muito bem. Ao contrário, repita-se, da Venezuela, onde seu povo tem sido expulso por um ditador, para quem Francisco bate palmas.
Nessa semana, Bergoglio abriu as portas do Vaticano ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A atitude não agradou aos brasileiros, especialmente os católicos. Lula está temporariamente livre da prisão por decisão judicial. É um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. E responde a outra meia-dúzia de processos sobre os mais variados crimes.
Quanto a essas particularidades do ex-presidente brasileiro, o Papa desvia seu olhar, como se a corrupção não fosse responsável por grande parte dos problemas da desigualdade social no planeta. Francisco fez o mesmo ao receber e abençoar notórios corruptos, como Fidel Castro e seu irmão Raul Castro, Evo Morales, Cristina Kirchner, o próprio Maduro e tantos outros dirigentes bolivarianos, cuja doutrina política a esquerda tentou plantar na América do Sul. Sem sucesso, felizmente.