Os indicadores econômicos e fiscais de Campo Grande são um dos cinco piores entre as capitais, revela levantamento realizado pela consultoria Tendências, divulgado quinta-feira (20) pelo jornal O Globo.
De acordo com o estudo, Rio de Janeiro, Natal, Florianópolis, Cuiabá e Campo Grande são as prefeituras com a pior situação entre as 26 capitais.
Os municípios com as contas mais ajustadas, segundo o levantamento, são Rio Branco, Palmas, Boa Vista, Curitiba, Porto Velho, Vitória, Aracaju e Manaus.
As prefeituras receberam notas de 0 a 10 com base em seis indicadores: endividamento; poupança corrente, liquidez, resultado primário, despesa com pessoal e encargos sociais e investimentos.
Cada item recebeu um peso diferente e, em seguida, foi feita uma média para cada. O estudo engloba o período de 2017 ao primeiro semestre de 2019, informa O Globo.
Fraca
Pelo levantamento, os municípios com “boa capacidade fiscal” precisam ter nota média igual ou acima de 6. Para ser considerado com “muito boa capacidade”, a nota tem de ultrapassar 8. Campo Grande obteve nota 4,11, considerada “fraca”.
A capital sul-mato-grossense também registra mau desempenho em relação a investimento. De acordo com o estudo, a cidade investe apenas 6,22% dos recursos próprios, quase quatro vezes inferior a Boa vista (RR), com 23,53%, a capital mais bem colocada entre as 26.
A maioria das obras realizadas no município é bancada com recursos do Governo federal e por investimentos externos, como a revitalização do centro da cidade, obra concluída e inaugurada em novembro de 2019.
O projeto consumiu cerca de R$ 200 milhões, ou US$ 56 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), operação financeira aprovada pelo Senado em 2016, por meio da articulação do ex-senador Waldemir Moka (MDB).
População afetada
A baixa capacidade de investimento, alerta o levantamento, afeta em cheio a vida do cidadão com a piora da provisão dos serviços públicos. O estudo da Tendências ainda mostra que apenas as prefeituras de Boa Vista e Manaus tiveram uma taxa de investimento superior a 10%.
“No caso dos municípios, uma parte importante dos investimentos depende (da ajuda) da União e dos estados. Se as prefeituras não estiverem com as suas finanças em ordem, fatalmente os investimentos vão ficar muito baixos”, afirmou ao O Globo o economista e responsável pelo estudo, Fabio Klein.
E o quadro dos investimentos, observa Klein, não deve mudar tão cedo, diante do peso que o gasto com pessoal vai continuar a exercer no orçamento dos municípios. Neste ano, por exemplo, os prefeitos vão ter de lidar com o aumento de 12,84% no piso nacional dos professores.