Alvo de fake news divulgada nas redes sociais e reproduzida por sites em Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Capitão Contar (PSL) passou a sofrer ataques depois que denunciou suspeita de superfaturamento em compras do Governo do Estado e das prefeituras de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
Uma das notícias falsas sobre Contar é de que ele teria gastado, em março, R$ 10 mil em combustível. O MS em Brasília fez levantamento no Portal da Transparência da Assembleia Legislativa e constatou que o parlamentar gastou R$ 3.970,31 naquele mês, ou menos de 40% do valor atribuído a ele por memes espalhados nas redes.
Relator da CPI da Energisa, o parlamentar explica que os trabalhos da comissão foram intensos até a suspensão por causa das medidas de isolamento da Covid-19. Entre eles, a retirada de 93 relógios para ser encaminhados a uma universidade em São Paulo, onde serão periciados.
Também destaca as atividades realizadas por suas equipes em vistorias a mais de 50 unidades de saúde da capital e para atender a demandas em todo o Estado. “No meu gabinete ninguém fica parado”, avisa.
Entre janeiro e março, por exemplo, Contar gastou R$ 7.745,82 em combustível, quase quatro vezes menos que seu colega Evander Vendramini (PP), cujas despesas com esse item atingiram R$ 28.931,69. O segundo com mais gasto em combustível foi Antonio Vaz (Republicanos), com 24.346,92, e Zé Teixeira (DEM), R$ 22.626,36.
O que menos gastou com combustível foi Eduardo Rocha (MDB). Ocorre que o representante de Três Lagoas e marido da senadora Simone Tebet (MDB) utilizou toda sua cota, nos três primeiros meses do ano, em “consultorias, assessorias, pesquisas e trabalhos técnicos”. Foram R$ 87 mil nesse período.
O MS em Brasília também consultou o valor total gasto pelos 24 deputados estaduais entre fevereiro de 2019 e abril deste ano. O campeão foi o veterano Onevan de Matos (PSDB), com R$ 542 mil utilizados em verba pública, seguido de Márcio Fernandes (MDB) com R$ 541 mil e por outro veterano, Londres Machado (PSD), com R$ 531 mil.
Outros deputados que passaram a casa dos R$ 500 mil em gastos de dinheiro da Assembleia são Pedro Kemp, com R$ 539 mil, e Cabo Almi com R$ 525 mil, ambos do PT, Antonio Vaz (R$ 524 mil), Gerson Claro (PP) com R$ 523 mil, Eduardo Rocha (R$ 517 mil) e Jamilson Name (sem partido), R$ 510 mil.
Entre os menos gastadores estão Marçal Filho (PSDB), com R$ 281 mil, Capitão Contar com R$ 315 mil e João Henrique Catan (PL), R$ 383 mil. Alguns parlamentares, no entanto, ainda não entregaram os comprovantes dos gastos realizados em abril, como Marçal e Contar, os dois que menos gastaram nos últimos 14 meses.
“Fiscal inconveniente”
Procurado pelo MS em Brasília, o deputado Capitão Contar afirmou que não deixará de fiscalizar o mau uso do dinheiro público. “Não deixei minha carreira militar para ser mais um. Decidi ser deputado para fazer aquilo que a população espera do seu representante. Fui eleito para servir às pessoas e não a grupos políticos”, disse.
Sobre os ataques sofridos nos últimos dias, Contar atribui a grupos políticos “que estão preocupados com nossa atuação independente, correta e firme” na Assembleia Legislativa. “Tudo o que eles querem é liberdade para atacar os cofres públicos. Enquanto eu estiver representando nossa população, vou ser um fiscal inconveniente”, afirmou.
O parlamentar fala sobre a importância de a população estar informada sobre o uso dos recursos públicos, como os da Assembleia Legislativa. “É importante que o cidadão saiba que hoje é obrigatório divulgar os gastos públicos na internet. Vamos criar o hábito de fiscalizar dessa forma. Quando a gente menos perceber, seremos milhares fiscalizando”, incentiva.