Por Andréia de Araújo
Desde que começaram a ser realizadas por vídeo, em março, quando os debates presenciais foram suspensos devido à pandemia da Covid-19, as sessões da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul têm apresentado à sociedade um conjunto de parlamentares que, com raras exceções, transmite pouca segurança sobre o trabalho que faz.
Em 2019, a Casa de Leis consumiu R$ 270 milhões dos cofres estaduais, volume de recursos mais que suficiente para oferecer serviço de qualidade à sociedade, especialmente votando e aprovando leis de interesse das pessoas.
Além da falta de cuidado nos aspectos formais — como escolher o pior lugar da casa ou do escritório e até dentro de carro para se conectar ao plenário na capital, deixando vazar sons estranhos, como latidos, choros de criança, barulho de obras — a maioria dos deputados trava batalha de morte com a tecnologia.
Os encontros remotos têm revelado um colegiado que flerta com interesses diversos diariamente, como preferir ir a uma reunião, ou apresentar programas de rádio, sair para atender chamado de celular, ou mesmo se ausentar porque tem consulta médica marcada, em pleno horário de trabalho.
As sessões são comandadas de forma dinâmica pelo presidente Paulo Corrêa (PSDB), com auxílio do segundo-secretário, Herculano Borges (Solidariedade), e de assessores legislativos. No entanto, a parte técnica apresenta uma série de falhas na comunicação entre o plenário físico e o painel virtual.
Figuras variadas
Em um colegiado com 24 integrantes não poderiam faltar os bonachões, como os veteranos Londres Machado (PSD) e Onevan de Matos (PSDB), além de Eduardo Rocha (MDB) e Evander Vendramini (PP). Há os “voadores”, que nunca sabem o que está sendo discutido ou votado, como Cabo Almi (PT), disparado o mais confuso, além de Felipe Orro (PSDB), Márcio Fernandes (MDB) e Neno Razuk (PTB).
Em contraposição, destacam-se os “antenados” aos assuntos em pauta, como Capitão Contar (PSL), Pedro Kemp (PT), João Henrique Catan (PL), Vendramini e Gerson Claro (PP), talvez pelo fato de ser líder do governo e não poder deixar passar nada que não seja de interesse do Executivo.
Também há os deputados-radialistas, como Marçal Filho (PSDB) e Lucas de Lima (Solidariedade), os quais têm dado mais atenção a seus programas do que às sessões. Lima teria, inclusive, lançado um programa no horário das sessões, pela manhã. No painel dos vídeos, ambos estão sempre fora da cadeira, chegando no último instante para dizer “sim”, ou “não” em determinada votação.
Se há os bonachões, os voadores, os desinteressados e os antenados, em meio a 24 perfis não poderiam faltar os “água com açúcar”, aqueles que fazem seu trabalho sem chamar muito a atenção, como Barbosinha (DEM), Antonio Vaz (Republicanos), Renato Câmara (MDB), Lídio Lopes (Patri), Zé Teixeira (DEM), Jamilson Name (sem partido), Coronel David (sem partido) e Professor Rinaldo (PSDB).