Por Antonio Carlos Teixeira (*)
Objetivamente, sugiro que as eleições do Santos em dezembro sejam adiadas para depois do Campeonato Brasileiro, em fevereiro. Talvez no primeiro sábado de março de 2021.
Por quê?
Por muitas razões. Primeiro, porque o país não se livrará tão cedo, infelizmente, da pandemia do novo coronavírus. Segundo, o presidente atual, José Carlos Peres, tem o direito de terminar os campeonatos que forem iniciados em sua gestão.
A covid-19 mudou muitas coisas no mundo. E não será o Santos que irá se considerar diferente ao manter eleição em um ano que nunca acabará na memória do planeta. Até Olimpíadas, a maior competição esportiva do mundo, foram canceladas.
O time do Santos que está disputando dois campeonatos no momento — e terá outros dois para começar ainda em 2020 — foi montado pelo atual presidente, assim como a comissão técnica.
Nos últimos dias, surgiram manifestações e cartas de vários grupos sobre as eleições de dezembro, nas quais vão ser eleitos o presidente e parte dos conselheiros. O presidente, em seguida, escolherá os membros do Comitê de Gestão, colegiado que toma a maior parte das decisões no clube.
Nessas manifestações, vimos de tudo, cada qual puxando argumentos pro seu lado, com palavras bem articuladas, chavões, lembrando a política partidária, como a necessidade de as pessoas se unirem “pelo bem do clube”. Tudo muito lindo. Mais interessante é que só se fala em união quando as eleições se aproximam.
Querem se unir? Unam-se para adiar a eleição, dar tranquilidade ao atual presidente para concluir seu mandato e, acima de tudo, permitir que comissão técnica e grupo de jogadores possam disputar, em paz, os títulos das quatro competições: Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. As premiações desses campeonatos atingem valores próximos de R$ 140 milhões. Bela cifra.
Analise, torcedor, a seguinte situação: em outubro e novembro, os candidatos a presidente do Santos vão começar suas campanhas, expondo ao sócio e à mídia suas plataformas de governo. Meu Deus! É uma indústria de bobagens e promessas de mudança, palavra que sempre causa curiosidade e, acima de tudo, ansiedade e perspectivas sobre o futuro.
O Santos disputando quatro campeonatos e candidatos deixando vazar, por exemplo, que Jesualdo não o agrada? Ou outro afirmando, em live, que pretende renovar o elenco, reduzindo a folha de pagamento para menos da metade? Ou ainda que o clube está inviabilizado, como li nessa semana, causando apreensão desnecessária?
Sabem o que irá acontecer? Caos completo. Técnico e auxiliares, além dos jogadores, vão estar submetidos a um turbilhão de informações que são produzidas diariamente durante uma disputa eleitoral.
Se o presidente do Conselho Deliberativo do Santos, Marcelo Teixeira, pensa de fato no clube que já administrou por uma década, então é momento de ele levar essa proposta para o colegiado.
Para que não haja dúvida, repito os motivos para adiar a eleição. 1) o time atual e a comissão técnica de Jesualdo foram montados na gestão de José Carlos Peres e cabe a ele concluir seu trabalho, interrompido por uma pandemia mundial; 2) elenco estará submetido a um turbilhão de informações e contrainformações sobre as eleições, em meio a disputa de três campeonatos porque até lá, acredita-se, o Paulista terá terminado.
Neste momento, que ninguém perca isto de vista: o Santos precisa mais de título do que eleição para escolher o sucessor de José Carlos Peres. Adia-se a eleição para o primeiro sábado de março. E, assim, aqueles que se dizem preocupados em se unir pelo bem do clube estarão, de fato, fazendo algo de útil e benéfico à Nação Santista.
(*) É jornalista, sócio do Santos Futebol Clube
Comentário sensato… O item 2 vai transformar o clube numa barafunda !!! Se querem levar o Santos com essa história de união o momento é de adiamento geral.. Aliás aplica-se muito bem ao quadro das eleições municipais!