De Brasília
Um dia depois de acompanhar o presidente Jair Bolsonaro na inauguração de estação radar da Força Aérea Brasileira em Corumbá (MS), a senadora Soraya Thronicke (PSL) aplicou duro golpe no governo ontem (19), durante sessão do Congresso Nacional.
A peselista votou contra Bolsonaro, ajudando a oposição a derrubar vetos relativos ao congelamento de salário de funcionários da saúde e segurança pública durante a pandemia do novo coronavírus. Os vetos foram rejeitados por 42 votos a 30.
Caso a Câmara dos Deputados mantenha o mesmo entendimento em votação na tarde desta quinta-feira (20), o ministro da Economia, Paulo Guedes, fala em “desastre” para o equilíbrio fiscal do governo. Guedes disse que o Senado deu “um péssimo sinal” e classificou a decisão como “um crime contra o país”.
O congelamento dos reajustes até o fim de 2021 foi uma contrapartida definida pelo governo como resultado de um acordo para o pacote de socorro de R$ 60 bilhões a Estados e municípios, cujos cofres foram abalados pela pandemia.
Os senadores de Mato Grosso do Sul votaram divididos. Simone Tebet contrariou orientação do líder do MDB e votou pela derrubada do veto, enquanto Nelsinho Trad decidiu pela manutenção, aproveitando que seu partido, o PSD, liberou a bancada.
“Bolsonarista”, Thronicke acompanhou o senador Major Olímpio (PSL-SP), um dos mais ferrenhos adversários de Jair Bolsonaro, ignorando orientação do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (TO), que fez defesa enfática pela manutenção do veto.
Polêmicas
Com menos de dois anos de mandato, Thronicke coleciona várias polêmicas, entre elas o fato de não admitir que tenha conquistado a vaga graças à onda Bolsonaro, que elegeu centenas de parlamentares em 2018. Na campanha, a senadora espalhou outdoor dizendo-se “a senadora de Bolsonaro”, fato renegado já na primeira coletiva de imprensa horas depois de ter sido eleita.
A senadora também rompeu com o seu primeiro-suplente logo após a eleição. Ela pediu a inelegibilidade de Rodolfo Oliveira Nogueira (PSL) por ameaça. A estratégia abriria espaço para que o segundo suplente Danny Fabrício Cabral Gomes, então sócio de Soraya no escritório Cabral Gomes e Thronicke Associados , passasse à condição de primeiro suplente.
Além disso, Thronicke repete atitudes da chamada “velha política”, como gastar recursos públicos da verba parlamentar sem regramento e ter assessores envolvidos na produção de fake news contra adversários políticos em Mato Grosso do Sul.
Veja como votaram os senadores ontem: