Por Andréia Oliveira Araújo
A pouco mais de um ano para o início do calendário oficial das eleições de 2022, já é possível rabiscar cenário para a sucessão do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), cargo mais cobiçado do Estado.
Apesar de não poder contar com Azambuja, que cumpre seu segundo mandato, a eleição deverá reunir pesos pesados da política estadual. O MS em Brasília faz projeções para a disputa em que aparecem ao menos cinco eventuais postulantes.
Além do possível candidato governista, o atual secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, há expectativa sobre a entrada no páreo do senador Nelsinho Trad (PSD), da senadora Simone Tebet (MDB), da deputada federal Rose Modesto (PSDB) e do deputado estadual Capitão Contar (PSL).
Antes de formalizar lugar na sucessão estadual, no entanto, haverá muitas trocas de partido. A deputada Rose Modesto, por exemplo, está com tudo pronto para deixar o PSDB em direção ao Podemos, onde já estaria atuando em estratégias internas com vistas a 2022.
Simone Tebet, que sofreu derrota humilhante na eleição para presidência do Senado, sente-se desconfortável no MDB, embora seja desejo do partido tê-la na disputa do Estado. Outro que deverá buscar abrigo novo é Contar, cuja saída do PSL está nas mãos da Justiça Eleitoral.
Eleição de ideias
O MS em Brasília conversou com o jornalista campo-grandense Antonio Carlos Teixeira, que cobriu o Congresso Nacional por duas décadas, das quais sete anos como repórter especial do jornal Correio do Estado.
Para ele, a sucessão estadual não dará espaço a curiosos, oportunistas e a candidaturas de ocasião. “Será um confronto de ideias em que o conteúdo do candidato terá grande valor para o eleitorado”, resume. “Os mandatos do Reinaldo têm sido muito bons e não podemos recuar”.
Segundo o jornalista, a lógica indica que o candidato do governo tem lugar certo no segundo turno. “O secretário Riedel tem perfil que o eleitor buscará cada vez mais. Vai chegar quieto, como é seu estilo, mas forte eleitoralmente”, avalia. “Ainda terá o trunfo maior, que são as mudanças econômicas e sociais ocorridas a partir de 2015”.
Teixeira aponta para o senador Nelsinho Trad (PSD) como alguém que está de olho na vaga de Azambuja. “Ele não dá um passo em Brasília sem pensar no Governo”, diz o jornalista, que foi também assessor de comunicação adjunto da Receita Federal em Brasília, da Comissão de Orçamento do Congresso e da Comissão de Impeachment de Dilma Rousseff, no Senado.
O profissional alerta para o estilo individualista da família Trad, o que pode prejudicar as pretensões do irmão mais velho, no momento de formalizar alianças. “Os Trad são muito individualistas. Pensam só neles. Os próximos passos deles são sempre com eles à frente. Na teoria, Nelsinho deveria apoiar o candidato do governo, que o elegeu senador, mas isso nunca ocorrerá”, argumenta.
Musculatura política
O jornalista descarta possível candidatura da ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa da Costa (DEM). “A ministra tem demonstrado que não quer o Executivo. Antes do Estado, ela pode ter ascensão nacional como vice do presidente Jair Bolsonaro na campanha de reeleição”, avalia.
Ao analisar eventual candidatura do Capitão Contar, Teixeira diz que o fato de ele não ter disputado a Prefeitura de Campo Grande, como havia planejado, pode atrapalhar o projeto do bolsonarista. “Contar é uma das mais expressivas lideranças jovens que surgiram no Estado nos últimos anos”, aponta.
Mas, segundo o especialista, o parlamentar pode não ter musculatura suficiente para encarar o Governo do Estado. “A rasteira que recebeu do deputado Loester Trutis na disputa pela prefeitura de Campo Grande o fez perder tempo e espaço para se projetar”, pondera.
Outro que talvez não tenha musculatura para disputar o Governo é o secretário de Saúde, Geraldo Rezende (PSDB). “Não creio que tenha condições. Pode pensar no Senado. Mas também é disputa difícil”, avalia, descartando igualmente o vice-governador Murilo Zauith (DEM), a quem considera “político insosso”, pouco companheiro, sem vida própria”.
O jornalista cita o ex-prefeito de Costa Rica Waldeli dos Santos Rosa (MDB), a quem considera, além de bom gestor, pessoa com visão política acima da média. “É um político que deveria disputar o Governo justamente para que o eleitor passasse a conhecê-lo melhor”, sugere.
Senado aberto
A eleição de 2022 abrirá uma vaga ao Senado, hoje ocupada pela senadora Simone Tebet, que vai precisar renovar o mandato se quiser continuar em Brasília. A emedebista, no entanto, pode decidir abandonar a carreira por questões familiares, sobre as quais evita entrar em detalhe.
Sem Simone, a vaga ao Senado estaria “solta”, ainda mais se Reinaldo Azambuja decidir se afastar da política. O ex-senador Waldemir Moka (MDB) pode ser um dos que pretende retornar à Câmara Alta, onde esteve entre 2011 e 2018. “Até onde se sabe, Moka tem projeto de disputar vaga de deputado federal”, afirma.
A vaga pode interessar ao único parlamentar sul-mato-grossense que dá apoio declarado ao presidente Jair Bolsonaro em Brasília. Trata-se do deputado federal Dr. Luiz Ovando (PSL). “O dr. Ovando tem perfil para o Senado. Também deve ser mais um a deixar o PSL e buscar outra agremiação”, prevê.
Teixeira ve poucas chances de o ex-secretário de Estado Marcelo Miglioli (Solidariedade) disputar o Senado. “A campanha dele para a Prefeitura de Campo Grande foi frustrante. O Senado exige musculatura. O que aconteceu com Soraya Thronicke não se repetirá nas próximas décadas, de sair das últimas posições para a segunda em menos de semana”, observa.
Sobre o promotor Sérgio Harfouche (Avante), o jornalista tem visão clara sobre o futuro dele. Harfouche – diz — precisa decidir se quer continuar no Ministério Público ou buscar a vida política. “As decisões judiciais contrárias aos interesses dele estão claras. Ele não pode sair candidato, ocupando o cargo de promotor. Caso insista, irá se desgastar ainda mais”, avalia.
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