De Brasília
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), integrante da base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional, analisou hoje durante o UOL Entrevista que a “direita irracional”, grupo descrito por ela como “apaixonado” e “desinformado”, acaba criando um repúdio da população aos conservadores e, assim, prejudicando ainda mais o governo federal. A entrevista foi comandada pelos repórteres do UOL Luciana Amaral e Eduardo Militão.
“Essa polarização que hoje nós temos, e que muito eu jogo nas costas de aliados do próprio presidente Jair Bolsonaro que se dividem entre aliados de uma direita racional, e temos uma direita que eu já vou para dizer para vocês que eu nem considero direita. Eles nem sabem o que é isso. Virou um discurso político raso, e que atrapalha o próprio presidente. Se querem ajudar o presidente, saibam que estão atrapalhando”, disse.
Esse movimento, continua a parlamentar, pavimenta o surgimento de uma terceira via nas eleições de 2022 e, assim, a derrota da direita no pleito. “Essa terceira via se desenha, é bem possível porque já tem gente criando até uma certa ojeriza de pessoas que se dizem de direita e já passaram pro campo do irracional. Eu quero alertar, essas pessoas não são de direita, são fanáticas que não entendem absolutamente nada”.
Soraya Thronicke afirma que a “direita racional” é encontrada dentro do PSL, ex-partido do presidente, e que o mandatário deve saber “separar o joio do trigo” no que diz respeito aos seus apoiadores.
“Acredito que, quando a gente fala em uma direita irracional, são apenas gente que gritam e não sabem nem o que é direita, o que é liberalismo econômico. Hoje todo mundo tem voz. A paixão cega a pessoas e domina as pessoas. Não é isso que vai nos trazer um Brasil melhor”, disse.
A senadora, no entanto, nunca aceitou o fato de ter sido eleita pela onda bolsonarista de 2018. A uma semana da votação, Thronicke aparecia em sétimo lugar nas pesquisas. Já na primeira entrevista após a vitória, foi ríspida com repórteres quando perguntada sobre a influência do então candidato a presidente Jair Bolsonaro na sua eleição.
Depois de tomar posse, a parlamentar comprou briga com a equipe econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes, a quem chamou de “ranzinza” e “irresponsável”. Ela também passou a votar contra projetos do Governo federal e se aproximou da ala do PSL anti-Bolsonaro.
Com informações de Leonardo Martins, do UOL