De Campo Grande
O deputado federal Loester de Souza, o Trutis (PSL), atacou o delegado da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, encarregado de investigar o suposto atentado contra ele e seu chefe de gabinete, em 16 fevereiro de 2020.
Em postagem no Facebook e Instagram quarta-feira (14), Trutis diz: “Eu avisei. O sistema é foda, parceiro”. Em seguida, publica print de reportagem de um site da capital sobre a promoção de um delegado preso na Operação Omertá, alusão que pode gerar mal-entendido entre os seguidores.
Em texto complementar, o parlamentar também ataca o Judiciário: “Quando o sistema não te digere, ele te cospe. Quase fui morto por essa organização. E vou provar. Ao invés de aceitar minhas denúncias, um delegado ambicioso e um judiciário ativista tentam colocar em mim uma culpa, para assim, não precisar apresentar os verdadeiros culpados”.
Para que a postagem alcance maior número de pessoas, o parlamentar pagou pelo impulsionamento no Instagram.
Investigações
Após oito meses de investigação, a PF concluiu que o ataque foi forjado pelo próprio Trutis. Para chegar a essa conclusão, agentes e peritos reuniram uma série de evidências e provas. Entre elas, rastreador do carro, câmeras espalhadas pela BR-060, onde teria ocorrido o atentado, perícia e exaustiva investigação.
O parlamentar foi alvo da Operação Tracker, deflagrada pela PF em 12 de novembro do ano passado. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, dos quais nove em Mato Grosso do Sul e um em Brasília.
Houve apreensão de armas, como um fuzil T4 calibre 556 mm, da marca Taurus, uma pistola calibre 9 mm, com carregador e 14 munições, e um revólver calibre .357 com dez munições. Foram apreendidos também R$ 70 mil em dinheiro, dentro de um bolso de paletó.
A farsa
Segundo investigações da PF no Estado, o atentado foi montado pelo deputado com apoio do seu chefe de gabinete, Ciro Nogueira Fidélis. A tentativa teria ocorrido em 16 de fevereiro do ano passado, quando Trutis viajava de Campo Grande para Sidrolândia.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há ligação entre a defesa do porte de armas propalada por Trutis e o suposto atentado. Nos dias que se seguiram ao ataque simulado, Loester manteve sequência de postagens nas redes sociais “sempre associando os fatos a uma disputa política no Mato Grosso do Sul e exaltando o fato de que estava armado”.
O caso está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, que já negou três pedidos da defesa de Loester Trutis para suspender as investigações. O STF autorizou a PF a fazer novas buscas e diligências por até 60 dias.
Com acréscimo de informações do site Campo Grande News