De Brasília
Se fossem pessoas jurídicas, os gabinetes dos senadores Kátia Abreu (PP-TO) e Irajá Silvestre Filho (PSD-TO) estariam enquadrados como “grande empresa”, segundo critérios do Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Mãe e filho têm, juntos, inacreditáveis 151 funcionários nomeados pelo Senado, com 80 e 71, respectivamente. Para ser considerada empresa de grande porte, com atuação nos setores de comércio e serviço, por exemplo, é preciso ter acima de 100 empregados.
Apesar de, em tese, terem servidores qualificados, Kátia Abreu e Irajá torraram a fabulosa quantia de R$ 1 milhão em consultorias para áreas diversas, como tributária, econômica, financeira e comunicação. O dinheiro para essas extravagâncias sai da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP).
A mãe gastou R$ 547.000 entre julho de 2017 e maio de 2021, conforme levantamento feito pelo MS em Brasília no Portal Transparência do Senado. Parte desse valor, de R$ 210.000, foi destinada à MCM Consultores Associados em São Paulo.
Já o filho, eleito em 2018, moeu R$ 465.000 entre 2019 e maio de 2021, média de R$ 186.000 por ano. Irajá gasta o dinheiro do contribuinte sem cerimônia. Em 2019, por exemplo, torrou R$ 66.300 em um só mês, dezembro, com três empresas de consultoria.
O procedimento se repetiu, coincidentemente, em dezembro do ano passado. O senador informou ter gastado R$ 80.600, sendo R$ 43.000 pagos a uma empresa do Recife (PE), referente a planejamento e consultoria em comunicação.
Tal mãe, tal filho
A farra na contratação de funcionários com dinheiro público traz coincidência, segundo apurou o MS em Brasília. A mãe, Kátia Abreu, é a que mais tem assessores nomeados pelo Senado, na companhia de Izalci Lucas (PSDB-DF), ambos com 80 pessoas.
Em terceiro lugar, aparece o filho Irajá, com 71 assessores lotados no gabinete em Brasília e no escritório de apoio em Palmas. Lucas Barreto (PSD-AP) é o quarto, com 69 nomeados, e Rogério Carvalho (PT-SE) o quinto, com 68. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) fecha a lista dos Top 6, com 66 pessoas pagas pelo Senado.
Kátia Abreu e Irajá foram procurados semana passada para explicarem os gastos elevados em consultoria, mas não deram retorno até o fechamento desta matéria. O espaço continua aberto para a manifestação dos senadores tocantinenses.