De Brasília
Na disputa para saber que grupo de parlamentares gasta mais dinheiro público em consultoria legislativa, os deputados estaduais lideram com folga ante a senadores e deputados federais de Mato Grosso do Sul, revela levantamento feito pelo MS em Brasília.
A consulta, realizada no portal transparência da Assembleia Legislativa, mostra que, entre fevereiro de 2019 e junho de 2021, os estaduais torraram R$ R$ 8.311.499,71 — média impressionante de R$ 345.79,15 para cada um dos 24 parlamentares.
Nesse mesmo período, os três senadores e os oito deputados federais tiveram gastos médios de R$ 154.545,45, duas vezes menores. Os líderes nessa despesa foram o senador Nelsinho Trad (PSD), com R$ 674 mil pagos entre fevereiro de 2019 e junho deste ano a uma única empresa, o deputado federal Loester Trutis (PSL), com R$ 421.265,00, e Dagoberto Nogueira (PDT), R$ 271.233,34 (ver aqui).
Na Assembleia, Eduardo Rocha (MDB), marido da senadora Simone Tebet (MDB), é disparado o que mais gasta recursos do Estado em consultoria legislativa. No período apurado pelos sites, Rocha torrou R$ 676 mil — R$ 2 mil a mais que o senador Nelsinho Trad, até então o “rei da farra”.
O deputado Márcio Fernandes (MDB) aparece em segundo lugar, com R$ 592.600,00. Fernandes foi também um dos candidatos a prefeito de Campo Grande que mais torraram dinheiro público: R$ 1,16 milhão, o quarto maior custo por voto conquistado, de R$ 93.
Outros dois estaduais tiveram despesas acima de R$ 500 mil entre fevereiro de 2019 e junho de 2021: Lucas de Lima (Solidariedade), R$ 542.500,00 e Antônio Vaz (Republicanos), R$ 530.100,00 (ver lista completa abaixo).
Londres Machado (PSD) envelheceu exercendo mandatos na Assembleia, mas não perdeu o gosto por dinheiro do contribuinte. O veterano aparece em quinto lugar, com R$ 478 mil moídos em consultoria, seguido do evangélico Herculano Borges (Solidariedade), com R$ 450.900,00.
Barbosinha não pediu reembolso de despesa com consultoria, mas gastou R$ 242 mil em divulgação da atividade parlamentar, outro item bastante utilizado pelos deputados estaduais.
Mara Caseiro (PSDB) e Amarildo Cruz (PT), que assumiram as vagas abertas com a morte por Covid-19 dos titulares Onevan de Matos e Cabo Almi, chegaram gastando. Em sete meses no cargo, Caseiro apresentou notas no valor de R$ 63.590. Cruz, com apenas um mês, pediu reembolso de R$ 25 mil em consultoria.
O montante de R$ 8,31 milhões em consultoria, torrados pelos deputados nesses 30 meses de mandato, seria suficiente para construir 135 casas populares. Nessa semana, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) liberou R$ 7.808.665,63 para construção de 150 moradias na capital — média de R$ 61,3 mil por unidade, uma vez que a prefeitura dará contrapartida de R$ 1.399.185,46, totalizando mais de R$ 9,2 milhões.
Fim da verba
O secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, defende a extinção das verbas indenizatórias e diz não haver explicação sobre os gastos na contratação de consultorias.
“Se a consultoria diz respeito a interesse público, os consultores do Congresso poderiam realizar os trabalhos, visto que estão lá para essa finalidade. Se a consultoria diz respeito a assunto privado, particular, não pode ser paga com recursos públicos”, disse o especialista em contas públicas, em entrevista semana passada ao site.
Segundo ele, as irregularidades estão em quase todos os itens previstos nas casas legislativas, como na contratação de consultorias, no aluguel de escritórios, na compra de combustível, na divulgação do mandato parlamentar. “De onde se puxa uma pena, surge um pavão”, afirma.
Embora os dados utilizados sejam públicos, extraídos do portal transparência da Assembleia Legislativa, o MS em Brasília oferece espaço para que qualquer um dos 24 deputados estaduais em exercício explique as despesas em consultoria legislativa, entre fevereiro de 2019 e junho de 2021.
Gasto cota parlamentar em consultoria – 02/2019 a 06/2021
Deputado Valor
1º Eduardo Rocha R$ 676.000,00
2º Márcio Fernandes R$ 592.600,00
3º Lucas de Lima R$ 542.500,00
4º Antônio Vaz R$ 530.100,00
5º Londres Machado R$ 478.000,00
6º Herculano Borges R$ 450.900,00
7º Renato Câmara R$ 439.940,19
8º Lídio Lopes R$ 380.000,00
9º Professor Rinaldo R$ 379.000,00
10º Pedro Kemp R$ 373.498,00
11º Coronel David R$ 362.000,00
12º Capitão Contar R$ 360.933,52
13º Felipe Orro R$ 360.598,00
14º Evander R$ 341.370,00
15º Neno Razuk R$ 334.800,00
16º Jamilson Name R$ 289.800,00
17º Cabo Almi R$ 278.700,00
18º Gerson Claro R$ 227.850,00
19º Onevan R$ 220.000,00
20º Paulo Corrêa R$ 210.020,00
21º João Catan R$ 201.300,00
22º Zé Teixeira R$ 173.000,00
23º Marçal R$ 20.000,00
24º Barbosinha Sem gastos
Mara Caseiro * R$ 63.590,00
Amarildo Cruz ** R$ 25.000,00
Total R$ 8.311.499,71
*Assumiu em novembro de 2020
**Assumiu em junho de 2021