De Brasília
O delegado da Polícia Federal Rogério Galloro é um dos principais nomes em dois casos de grande repercussão no Brasil: a tentativa de assassinato do presidenciável Jair Bolsonaro em 2018 e a denúncia de violação do sistema eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) naquele mesmo ano.
O policial era diretor-geral da PF quando os inquéritos foram abertos e, coincidentemente, tiveram os resultados contestados: Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro, teria agido sozinho, sem mandantes.
Adélio cumpre pena em Campo Grande por determinação judicial, por falta de vaga no Hospital Psiquiátrico Judiciário Jorge Vaz, o único de Minas Gerais. O presídio tem Unidade Básica de Saúde e atendimento de médicos, inclusive psiquiatras.
Já a investigação da suposta invasão do sistema informatizado do TSE praticamente não caminhou. O presidente Jair Bolsonaro, em transmissão ao vivo na última quarta-feira (4), divulgou o inquérito, causando grande repercussão, uma vez que ministros do STF e TSE garantiam que “nunca houve evidência de violação do sistema eleitoral eletrônico”.
Em janeiro de 2019, Galloro foi nomeado assessor da ministra Rosa Weber no TSE, responsável pelo pedido de investigação sobre a violação do sistema do tribunal e que encaminhou ofício ao próprio Galloro (ver cópia acima). Em agosto de 2020, o ex-diretor da PF passou a trabalhar no gabinete de Luiz Fux. É o braço direito do atual presidente do Supremo Tribunal Federal.
Novas coincidências sobre a relação de ministros do STF com dirigentes da PF vieram à tona em maio do ano passado, quando o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, nomeou Disney Rosseti para chefiar a área de segurança e inteligência do tribunal.
Rosseti era o número dois do delegado Maurício Valeixo, que o presidente Jair Bolsonaro rejeitava no cargo. A demissão de Valeixo foi o principal motivo para a saída de Sergio Moro do governo.
Em abril, dias antes da posse de Rosseti como assessor de Fux, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, havia suspendido a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. A decisão foi tomada em ação movida pelo PDT e se baseou, segundo Moraes, ao fato de Ramagem ser amigo da família Bolsonaro.
O MS em Brasília seguirá investigando o caso para trazer mais informações a seus leitores.