CAMPO GRANDE
Na linguagem e no imaginário popular, “não cumprir o que promete é o mesmo que mentir”. João da Costa Vital, jornalista e analista político mato-grossense, escreveu anos atrás: “Nesses últimos tempos, tenho pensado muito e chego à conclusão de que o que diferencia o homo sapiens dos demais animais é a capacidade de mentir. Como mente o ser humano, principalmente o político!”
E, mais à frente, Vital continua: “Esse mentir ao qual me refiro é um misto de calúnia, de falta de idoneidade moral e não passa somente pela expressão verbal, discurso de políticos em campanha. Refiro-me também ao aspecto da atitude, da ação. Fora isto outros exemplos podemos citar onde a mentira é a palavra da vez…”.
Quem conhece sabe que não se escreve o que Marquinhos Trad (PSD) promete. Daí a dúvida sobre o anúncio feito na última terça-feira (1) de que irá deixar a Prefeitura de Campo Grande em 2 de abril para disputar o Governo do Estado.
Useiro e vezeiro na arte de assumir compromisso e não cumprir, Marquinhos Trad parece não se abalar nem se sentir incomodado com essa situação. “Fala uma coisa agora, em seguida tá fazendo outra. É estranho, mas, para ele, parece normal”, avalia político tradicional do Estado, com quem o atual prefeito assumiu compromisso em duas ocasiões e não cumpriu nem um.
O MS em Brasília encaminhou as questões abaixo ao prefeito Marquinhos Trad, mas não recebeu retorno.
. Por que o senhor acredita que o eleitor sul-mato-grossense o elegerá governador, se não conseguiu nem arrumar as finanças de Campo Grande?
. Por que deseja ser governador se as contas da capital estão reprovadas pelo Tesouro Nacional, com nota C (ver aqui), ao mesmo tempo em que as do Estado estão aprovadas (ver aqui)?
. Por que o eleitor o escolheria se o senhor usou cinco anos dos seus dois mandatos para abrir buracos e tapar outros, sem oferecer políticas sociais à população, especialmente para parcelas mais carentes (ver aqui)?
. Por que entende que deva disputar o Governo do Estado se os servidores municipais estão sem aumento, ao passo que os servidores estaduais tiveram aumento de 10% em janeiro (ver aqui)?
. Por que acha que o eleitor deveria elegê-lo governador, se o senhor não conseguiu reduzir as despesas obrigatórias, as quais estão prestes a estourar o limite e assim ser punido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (ver aqui)?
. Em cinco anos, o senhor pouco realizou com recursos próprios. Suas gestões dependeram de dinheiro emprestado. Nesses anos, foram mais de R$ 650 milhões em empréstimos. Só não pegou mais dinheiro dos outros porque a União não dá aval ao município em razão do caos financeiro. Com que argumento o senhor irá pedir voto?
. Em janeiro, o senhor pediu ao Governo do Estado R$ 62 milhões para concluir obras paradas por falta de dinheiro. Quais argumentos irá utilizar para, digamos, desmerecer a gestão de Reinaldo Azambuja, cujo pré-candidato deverá ser Eduardo Riedel, secretário com quem sua equipe se reuniu para pedir socorro (ver aqui)?
. Por que o senhor acredita que o sul-mato-grossense lhe daria voto, se pediu um segundo mandato aos campo-grandenses para concluir obras e projetos iniciados no primeiro mandato e agora, com apenas um ano e três meses, abandona tudo? Está certo isso?
. O senhor afirma que sempre ganhou a vida com advocacia. Pode dizer aos sul-mato-grossenses em quantos ações/processos participou como advogado desde sua formação?
Embora o espaço esteja aberto desde já, as questões acima foram encaminhadas à assessoria de comunicação do prefeito terça-feira à noite e não respondidas até o fechamento deste material.