CAMPO GRANDE
Atualizada às 18h14
Por falta de ação do município, unidades básicas de saúde de Campo Grande (UBS) estão há mais de três meses sem receber kits para exames Papanicolau. São mais de 30 mil conjuntos que deveriam estar sendo utilizados, desde novembro de 2021, para investigação de tumores no útero das campo-grandenses.
A Empresa vencedora da licitação deveria ter entregado o material até novembro do ano passado, conforme apurado em sistemas sobre transparência. Nesse período, a prefeitura não fez qualquer cobrança, embora o contrato preveja penalidades e multas em caso de descumprimento do prazo.
O desleixo da gestão Marquinhos Trad (PSD) pode ter colocado em risco a saúde de milhares de mulheres nesse período. O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre as mulheres, segundo a Organização Mundial de Saúde.
De acordo com o Instituto do Câncer (Inca), a taxa estimada de casos ano passado em Mato Grosso do Sul era de 850 (mama), com incidência de 50,69 para cada 100 mil mulheres, e 270 (colo do útero) com ocorrência de 18,28 também para cada 100 mil mulheres.
Fonte ouvida pelo MS em Brasília revela que é normal não haver cobrança da prefeitura quanto ao atraso na entrega de produtos para atender às unidades de saúde. “É comum não ter cobrança por atraso na entrega de produtos comprados por meio de licitação”, conta a fonte, que pediu para não ter o nome divulgado com medo de represália.
Os contratos para aquisição dos kits Papanicolau nos tamanhos pequeno, médio e grande são regulados pelo pregão eletrônico 210/2020 e têm prazo de 12 meses, segundo apurou o MS em Brasília. “A última entrega foi feita em setembro por causa da campanha Outubro Rosa. Se a Prefeitura tiver algum estoque mínimo, vai ser no tamanho G”, explica a fonte.
A assessoria de imprensa do prefeito Marquinhos Trad (PSD) foi procurada às 8h01 desta quarta-feira (16) para dar explicações, mas não deu retorno até o fechamento desta notícia. A situação é recorrente quando é para o município apresentar sua versão à população de Campo Grande.
Após a publicação da matéria, a assessoria enviou resposta, às 15h04, informando que a empresa foi notificada, mas não disse quando. O MS em Brasília reafirma que até ontem a empresa não havia sido cobrada. Na nota, a prefeitura afirma que entrará com ação judicial ainda nesta semana para cobrar os kits adquiridos.
Estado atento
Enquanto a Prefeitura de Campo Grande trata com desleixo a saúde das mulheres, o Governo do Estado criou um programa em 2021 para atendimentos preventivos, como o rastreamento e detecção precoce do câncer de mama e colo de útero, mesmo durante a pandemia da Covid-19. É o Plano de Ação à Prevenção e Controle do Câncer de Mama e Colo de Útero, segundo o presidente do Prosseguir, secretário Eduardo Riedel.
O objetivo foi fortalecer ações integradas de rastreamento, detecção precoce e controle do Câncer no Sistema Único de Saúde ao longo daquele ano, por meio da reorganização da rede de atenção e seus fluxos assistenciais.
Enquanto Campo Grande trata com desleixo a saúde das mulheres, o Governo criou um programa em 2021 para atendimentos preventivos
Mato Grosso do Sul elaborou um estudo com base nas 11 microrregiões e quatro municípios. O compromisso dos municípios para atender os critérios da portaria é ampliar no mínimo 30% os atendimentos já realizados para facilitar o diagnóstico.
A doença é causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos e pode ser detectada em fases iniciais, aumentando a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias.
*Matéria atualizada às 18h14 com acréscimo sobre as explicações da Prefeitura de Campo Grande