CAMPO GRANDE
O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), enfrenta mais turbulências na sua administração. A pouco mais de um mês de deixar o cargo para realizar projeto pessoal de disputar o Governo, Trad ve os problemas se avolumarem, como protestos de diversas categorias por aumento salarial.
Com faixas e gritos de “piso zero nunca mais”, professores passaram parte da última sexta-feira (18) em frente à Prefeitura. Eles aguardavam nova proposta de reajuste salarial para a categoria. A reunião entre o Executivo municipal e a ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) durou quase duas horas e terminou sem acordo.
O argumento do prefeito é que o município não tem dinheiro para dar o aumento pedido pelos professores. Ocorre que, nos últimos cinco anos, Trad torrou R$ 60 milhões em propaganda.
Coincidentemente, é o mesmo valor que ele pediu em janeiro ao secretário de Infraestrutura do Estado, Eduardo Riedel, possível adversário pela sucessão estadual, para concluir obras na cidade (ver aqui).
Duas semanas atrás, o prefeito conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores dois projetos para beneficiar empresários do transporte coletivo. Um deles garantiu o repasse de R$ 12 milhões em 2022 ao Consórcio Guaicurus. O outro anistiou débitos e isentou o grupo do pagamento de impostos.
Pouco antes de entrar na reunião com os professores, sexta-feira (18), Marquinhos desceu para conversar com os manifestantes. “Eu queria atender ao pedido, mas não temos caixa para isso. Não adianta eu vir aqui, dizer que vou atender, parcelar em várias vezes e lá na frente não conseguir cumprir”, explicou à multidão.
O presidente da ACP, Lucílio Nobre, confirmou que a prefeitura insiste nos 10,06%, mais a reposição da inflação. Com isso, a negociação se estenderá por mais uma semana, quando serão realizadas reuniões entre sindicatos e prefeitura, bem como entre os professores. “É preciso encontrar uma saída que dialogue com os 33,24%”, disse Lucílio.
Nos últimos cinco anos, Marquinhos gastou R$ 60 milhões com propaganda
Marquinhos reforçou o posicionamento de que precisa manter o reajuste dentro do limite imposto por lei. “A gente vai colocar a proposta dentro do que é permitido por lei. Pagar os 33% não tem como. Ainda que tivéssemos [caixa], a lei nos impede”, defende o chefe do Executivo.
A Lei Complementar nº 178 é resultado da APL 101/2021, aprovada em dezembro de 2020. Ela estabelece um teto máximo de comprometimento da receita corrente líquida com a folha de pagamento do município.
Campo Grande já está nesse limite e, se aplicar o reajuste integral pedido pelos professores, irá extrapolar e estará infringindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por fim, sobre a possibilidade de greve geral dos professores, o prefeito diz que não faz sentido, já que o limite para o cumprimento do piso é maio.
Caos financeiro
Em cinco anos no cargo, Marquinhos Trad não conseguiu implementar medidas que pudessem reduzir as despesas obrigatórias do município, como a extinção de milhares de cargos comissionados, um dos motivos para o iminente colapso das finanças da Prefeitura, segundo estudo do Tesouro Nacional.
A gestão de Trad tem sido reprovada todos os anos, desde que assumiu, em janeiro de 2017, obtendo nota C. Estados e municípios com desempenho aprovado recebem A e B, o que é o caso da administração de Reinaldo Azambuja (PSDB). Campo Grande, por exemplo, está entre as cinco piores capitais do país em relação a indicadores econômicos e fiscais (ver aqui).
Entre outros problemas, a má gestão impede que Campo Grande possa pedir empréstimo com aval da União. Em cinco anos, o município se sustentou à base de recursos emprestados, como o que financiou o projeto Reviva Centro. Ao não fazer o dever de casa, Trad sacrifica servidores de áreas fundamentais para a população, como Educação e Saúde.
Com informações do Diário MS News