POR ABEL LUMER (*)
O brasileiro aprendeu com nossa história recente que, na política, a premissa “vice não serve para nada” é absolutamente falsa.
De Sarney a Temer, exemplos que desmentem o falso axioma se repetiram inclusive em estados e municípios.
Vice é complemento.
Eleitoralmente, tem papel de trazer o que falta ao cabeça de chapa em termos regionais, comportamentais ou políticos.
Sua escolha é cirúrgica, baseada em pesquisas, cenário macro e cardápio disponível.
E está chegando a hora de Bolsonaro bater o martelo sobre quem pretende ocupar o lugar de Hamilton Mourão.
As apostas, por enquanto, giram em torno de três nomes:
General Braga Neto.
O ministro da Defesa é o nome que menos agrega votos à candidatura Bolsonaro.
Agrada uma ala dos militares, que já está convertida, sem dialogar fora da bolha bolsonarista.
Braga Neto atende, porém, a uma peculiaridade nada desprezível do capitão: a paranoia de que um vice civil facilitaria um eventual pedido de impeachment, em caso de reeleição.
Dos nomes por hora cogitados, a ministra da Agricultura é sem dúvida o melhor
E o país aprendeu a não subestimar as paranóias presidenciais.
Gilson Machado.
Mesmo com o apoio do nada desprezível voto evangélico, o ministro do Turismo é um nome fraco.
Sua simpática sanfona traz doses de caricatura a um grupo já excessivamente caricato, e improviso a um governo que tropeça justamente em seus arroubos não planejados.
O fato de ser nordestino tampouco justifica a escolha.
Não basta ter nascido na região; é preciso ter relevância por lá.
E isto, Gilson Machado não tem.
Tereza Cristina.
Dos nomes por hora cogitados, a ministra da Agricultura é sem dúvida o melhor
Abre diálogo com eleitorado feminino, calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, e gera confiabilidade ao agronegócio, setor que vem sendo estrategicamente assediado por Lula há algum tempo.
Caso escolhida, a estratégia seria dar-lhe um protagonismo maior do que costumam a ter os vices durante as campanhas, segmentando sua atuação nas áreas mais sensíveis ao seu discurso e imagem.
A campanha de Jair Bolsonaro tem enormes desafios pela frente.
Decisões difíceis e, outras, nem tanto.
A mais complexa, porém, é trazer racionalidade a quem tem a palavra final em momentos tão críticos quanto a escolha de seu vice.
(*) Abel Lumer é sócio-diretor da Lumer Comunicação. Atuou em campanhas e comunicação de mandato em diversas regiões do país. Membro do Clube Associativo de Profissionais do Marketing Político e professor do RenovaBR, a maior inciativa de formação de novas lideranças no país.