CAMPO GRANDE
Servidores comissionados da Prefeitura de Campo Grande foram usados para encher o salão da Associação Nipo Brasileira, sábado (5), no lançamento da pré-candidatura do prefeito Marquinhos Trad (PSD) ao Governo do Estado.
O MS em Brasília recebeu denúncias de que os secretários municipais ficaram responsáveis pela convocação dos funcionários de suas pastas, especialmente os comissionados, cuja nomeação é feita com base em critério unicamente político.
“Eu tive que ir. E todos da minha área foram porque o pedido foi do secretário. Marquei presença, deixei que ele me visse, esperei o prefeito chegar e fui embora em seguida. Estava bem lotado e a maioria era funcionários”, explicou servidora comissionada, em áudio encaminhado ao perfil do site no Instagram.
As denúncias são semelhantes, narrando a forma com que os servidores foram “intimados” pelos superiores, além de orientações sobre como segurar faixas e bandeiras. “Não havia nenhuma empolgação porque a presença de muitos ali não era espontânea”, declarou outro, pedindo para ter o nome mantido em sigilo com medo de represálias.
O evento teve a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, além dos irmãos do prefeito, o senador Nelsinho Trad e o deputado federal Fábio Trad. Felipe Orro, que trocou o PSDB pelo PSD, foi o único deputado estadual presente.
Discurso vazio
Com discurso insosso, cheio de chavões e palavras de autoajuda, Marquinhos manteve a linha populista de se expressar. Não explicou por que deseja ser governador, depois de ter lutado para se reeleger prefeito de Campo Grande. Deixará a prefeitura mergulhada em problemas, como ameaça de greve de servidores e sem dinheiro para concluir obras, com apenas um ano e três meses no cargo.
Marquinhos se diz ficha limpa, mas recebeu salário da Assembleia de MS quando estudava no Rio de Janeiro
Ao repetir declaração de que nunca viveu da política, o prefeito ignora período em que recebeu salário da Assembleia Legislativa, lotado no gabinete do seu pai, Nelson Trad, quando estudava no Rio de Janeiro em 1986.
Mesmo com essas informações, investigadas pelo Ministério Público Estadual e pelo Tribunal de Contas do Estado, Marquinhos Trad se considera ficha limpa. No sábado, ao seu lado, dois dos políticos com vários processos por corrupção. Um deles é o próprio irmão, o senador Nelsinho Trad, que responde a várias ações por improbidade administrativa.
O outro era Gilberto Kassab, convidado de honra, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da presidente Dilma Roussef. Kassab é citado em 175 processos, além de ser investigado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, acusado de ter recebido R$ 16 milhões ilegais da JBS, entre 2014 e 2016. Responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, caixa 2 eleitoral e associação criminosa.
A assessoria de comunicação da prefeitura foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos do site até o fechamento desta matéria.