CAMPO GRANDE
O secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende (PSDB), afirmou que o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), atuou de forma negligente durante a pandemia da Covid-19. De acordo com Geraldo, entre 2020 e início de 2022 foram registradas 205 mortes de pacientes da Capital por falta de leitos de UTIs. A denúncia foi feita nesta quarta-feira (9) durante entrevista à rádio CBN de Campo Grande.
De acordo com o secretário, os pacientes acabaram morrendo em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde) da Capital à espera de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Mesmo com oferta de vagas pelos governos de São Paulo e de Rondônia, o prefeito de Campo Grande, segundo Geraldo, não respondeu à oferta e deixou pacientes morrerem nas unidades de saúde.
“Os pacientes poderiam ter tido acesso a leitos no interior e fora do Estado. Tivemos apoio da Força Área Brasileira. O Ministério da Saúde nos ajudou com oferta de leitos em Rondônia (Porto Velho) e São Paulo (em São Paulo e São Bernardo do Campo). Nos causou espanto a recusa da prefeitura em mandar pacientes para esses locais. Acredito que poderíamos ter salvado vidas preciosas”, declarou Geraldo.
Segundo o secretário, parcela significativa de pacientes encaminhados para o interior conseguiu superar a doença. Durante a pandemia, o número de municípios sul-mato-grossenses com leitos de UTI saltou de 7 para 17.
Apenas para Capital, o governo aplicou mais de R$ 60 milhões na construção de leitos de UTI e na parceria com hospitais filantrópicos e privados entre 2020 e 2021, além de custear sozinho os R$ 30 milhões mensais do Hospital Regional, referência no enfrentamento à Covid-19. “Campo Grande não aplicou um centavo sequer nesse hospital”, acrescentou.
“Campo Grande tem 12 mil pessoas na fila de espera por cirurgias” — Geraldo Resende, secretário de Saúde de MS
Geraldo também reclamou da demora da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) em aderir à nova etapa da Caravana da Saúde, cujo programa prevê recursos de R$ 120 milhões para realização de mais de 100 mil procedimentos de média e alta complexidade, por meio dos programas Opera MS e Examina MS.
“Campo Grande demorou a enviar documentos para credenciar hospitais. Não quero crer que isso tem viés político, pois seria algo condenável”, frisou Geraldo Resende, reforçando que há cerca de 12 mil pacientes da Capital na fila de cirurgias.
São cirurgias ortopédicas, vasculares, oftalmológicas, otorrino e urológicas, além do acúmulo de exames como ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas, ultrassonografias, cardiovasculares, de cintilografia, endoscopia e colonoscopia.
O prefeito de Campo Grande foi procurado, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria. O pedido de esclarecimentos foi encaminhado às 15h53.