POR JESSÉ ORTEGA (*)
Existe um sentimento cada vez mais forte nos círculos sociais das denominações pentecostais e protestantes: Marquinhos Trad não será o rosto dos evangélicos nas próximas eleições ao governo do Estado.
A disputa pelos votos desse segmento está dividida entre outros dois pré-candidatos: Rose Modesto e Eduardo Riedel. Ambos vêm atraindo a atenção de líderes religiosos e fiéis com um discurso convincente, posturas republicanas e sem apelações ao sentimentalismo de ocasião.
Bastará a Marquinhos outras opções: a primeira delas é submergir e tentar encontrar sentido no que diz. A outra tentativa, seria um terapeuta e remédios para ajudá-lo a encontrar um caminho para sua alma confusa.
É constrangedor, mas o ex-prefeito não percebeu ainda — e sua assessoria lá no Carandá Bosque anda comendo barriga — que esse discurso messiânico que ele declama nas suas entrevistas, como enviado dos céus para construir um novo jeito de se fazer política, não cola.
Esse discurso messiânico que ele declama, como enviado dos céus para construir um novo jeito de se fazer política, não cola
A grande maioria não vota com base em preceitos religiosos. O tal voto do cajado pode funcionar para cargos parlamentares. Esse lance de evocar pureza e santidade é uma tática velha, inoportuna e vem derretendo a reputação de Marquinhos.
Para que os leitores tenham ideia de como esse tipo de comportamento é primitivo, no século III da era cristã o Imperador Constantino já usava esse artifício para convencer romanos e cristãos de que era um homem do povo e eleito de Cristo para governar Roma.
Marquinhos não consegue vir a público concatenar ideias e apresentar algo construtivo para o desenvolvimento de MS. Não encontramos, por exemplo, nas suas redes ou em entrevistas, nenhuma proposta sobre como diminuir a desigualdade, reforma do ensino médio ou uma opinião sobre os preocupantes níveis da inflação no País.
Marquinhos não consegue vir a público concatenar ideias e apresentar algo construtivo para o desenvolvimento de MS
No Instagram do ex-prefeito, só o encontramos em dois momentos: ou ele está sozinho, vagando pelo interior do Estado gravando vídeos proféticos nas rádios ou tentando convencer treinadores das categorias señors ou masters de que leva jeito para o futebol de várzea.
Ele não entendeu ainda que para governar um Estado com a complexidade de problemas que o dia a dia se impõe é preciso muito mais do que discursos religiosos, é preciso projetos, proposta e coragem para discutir os reais problemas de MS.
O eleitor quer saber o que o candidato vai fazer para melhorar sua vida. Como se diz, o povo não quer mais o pão sobre à mesa, agora, ele quer também o pudim.
(*) Sociólogo e estudante de teologia. Artigo publicado originalmente no site do colunista www.dantefilho.com.br