CAMPO GRANDE
A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, da Polícia Civil, cumpriu nesta terça-feira (9) mandado de busca e apreensão na Prefeitura de Campo Grande. A ação faz parte de investigação iniciada após denúncias de assédio sexual, crime supostamente cometido pelo ex-prefeito da Capital e candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD).
O ex-prefeito responde ainda pelos crimes de importunação, estupro e tentativa de estupro. Até o momento 15 mulheres fizeram denúncia à Polícia Civil. Pelo menos duas delas relatam ter tido relações sexuais com Marquinhos no banheiro do gabinete do prefeito, hoje ocupado por Adriane Lopes (Patriota).
Segundo a delegada Maíra Pacheco, que comanda as investigações, dois CPUs de computadores foram apreendidos, além de documentos. A delegada explicou que equipe de perícia foi até a Prefeitura, já que como possível local de crime, o prédio deveria passar por perícia. Maíra ainda falou que foi feito o reconhecimento do local pelas autoridades policiais.
Os policiais foram até o 1º andar, onde fica o setor de finanças, e no 2º andar, onde está o gabinete ocupado pelo então prefeito. A delegada disse que foram apreendidos elementos que “pertinentes à investigação”. Maíra afirmou não poder dar mais detalhes em razão do sigilo do processo.
Durante a ação, pelo menos 50 funcionários do município ficaram fora do prédio da Prefeitura devido os trabalhos feitos pela Polícia Civil, a qual impediu a entrada dos servidores.
Ex-prefeito responde pelos crimes de assédio sexual, importunação, estupro e tentativa de estupro. Até o momento 15 mulheres fizeram denúncia à Polícia Civil.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar os casos no último dia 5 de julho, mas a ocorrência é de 2020. O inquérito policial trata dos crimes de estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, assédio sexual, importunação sexual, perseguição, posse sexual mediante fraude e vias de fato.
Denúncias
Após o primeiro registro feito por uma das vítimas, na Corregedoria da Polícia Civil, no mês passado, outras mulheres procuraram a Deam para fazer denúncias de assédio. Em coletiva no dia 26 de julho, a delegada do caso, Maíra Pacheco, afirmou que a informação de suposto pagamento feito às mulheres para registrarem denúncias não consta no inquérito.
No entanto, caso seja provado que as mulheres tenham recebido dinheiro, elas podem responder por falso testemunho. O crime tem pena de 2 a 4 anos, além de multa.
“Mas, não diminui outras denúncias das outras vítimas que procuraram a delegacia”, disse Maíra Pacheco. Ainda segundo a delegada, sobre as denúncias de assédio sexual, em “crimes como esse, a única materialidade são os relatos das vítimas. Temos de ter respeito em um país patriarcal”.
“Em crimes como esse, a única materialidade são os relatos das vítimas. Temos de ter respeito em um país patriarcal” — Maíra Pacheco, delegada de Polícia Civil
Na época, a delegada ainda explicou que outras pessoas estavam sendo investigadas, mas não revelou por quais crimes e nem a quantidade de suspeitos. O inquérito deve ser concluído em 30 dias. Não existe ainda previsão de quando Marquinhos Trad deve ser ouvido.
‘Festinha’
A mulher que denunciou o ex-prefeito relatou em sua denúncia que em 2021 recebeu uma mensagem sendo convidada para ir ao Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, de onde seguiriam para uma fazenda no interior para participar de uma festa.
Ela e as outras vítimas envolvidas no processo voaram em uma aeronave particular até a propriedade rural. Na festa citada pela vítima, estariam pessoas ligadas a Marquinhos Trad, como um delegado da Polícia Civil, que teria agredido a mulher com um tapa no rosto durante a ‘festinha’, dois empreiteiros e outros servidores públicos.
Ela contou que depois ele se desculpou e que não recebeu outras ameaças. A festa teria sido regada a drogas e bebidas alcoólicas e as mulheres chegaram a receber dinheiro ao voltarem para Campo Grande.
Apesar de citar que teria conhecido o empreiteiro que promoveu a festa através de Marquinhos, no depoimento a mulher diz que o então prefeito não participou da ‘farra’.
“Ações orquestradas”
Em nota, as advogadas de defesa Andréa Flores e Rejane Alves de Arruda, do candidato ao Governo do Estado Marquinhos Trad (PSD), afirmam que as buscas na prefeitura de Campo Grande são ações orquestradas para atingir a candidatura do ex-prefeito.
Confira a nota na íntegra:
“Mesmo feita de forma midiática, com presença de diversas viaturas da polícia, para prejudicar a candidatura ao Governo do Estado de Marquinhos Trad (PSD), a operação desta terça-feira vai favorecer a defesa, pois comprovará que algumas das supostas vítimas nunca estiveram na Prefeitura Municipal de Campo Grande, evidenciando a armação em curso.
Marquinhos Trad é vítima de uma ação orquestrada para atingir sua candidatura e as advogadas de defesa de Trad, Dra. Andréa Flores e Dra. Rejane Alves de Arruda, já tomaram uma série de medidas jurídicas contra a campanha caluniosa, baseada em denúncias falsas.
O movimento começou na pré-campanha, quando um grupo que quer minar a candidatura do ex-prefeito cooptou mulheres para prestarem falsas denúncias de assédio sexual. A defesa tem evidências, registradas por uma das denunciantes em cartório, que comprovam a armação.”
Com informações do Midiamax