BRASÍLIA
Hidroxicloroquina para profilaxia da COVID–19 atingiu o mais alto nível de evidência científica: uma revisão sistemática com meta análise revisada por pares, ou seja, a pesquisa já foi revisada por outros cientistas.
O estudo foi publicado na conceituada Revista Europeia de Epidemiologia, um periódico científico de alto impacto (12.434).
Entre os cinco autores, dois são da Universidade de Harvard, uma das mais bem conceituadas do mundo. Um deles é o cientista Xabier Garcia-De-Albeniz, líder do estudo e pesquisador Associado do Departamento de Epidemiologia da Universidade. Outro é o Dr Miguel Hernan, Membro do Corpo Docente em epidemiologia e bioestatística da Harvard-MIT Division of Health Sciences & Technology, além de ser diretor do CAUSALab, uma entidade de Harvard que visa orientar políticas públicas.
Entre os outros três pesquisadores, a Dra Julia del Amo e a Dra Rosa Polo são do Ministério da Saúde da Espanha e Dr José Miguel Morales-Asencio é da Universidade de Málaga, no sul do país ibérico.
Padrão ouro das pesquisas
A revisão sistemática e meta-análise, um estudo que analisa estudos anteriores já publicados, incluiu apenas pesquisas médicas RCT – randomizados e controlados, o conhecido “padrão ouro” das pesquisas com medicamentos.
“Em estudos randomizados, controlados por placebo, duplo cego, em profilaxia pré-exposição, pessoas designadas para o uso de hidroxicloroquina tiveram 28% menos risco de Covid-19”, afirmou Hernan.
A análise incluiu 11 estudos randomizados: 7 estudos de profilaxia pré-exposição, quando o paciente toma a medicação antes de ter contato com o coronavírus, e 4 estudos de profilaxia pós-exposição, quando o paciente toma o medicamento após ter contato com alguém infectado.
Puxão de orelha
No estudo, os pesquisadores deram um puxão de orelha na comunidade científica internacional. “Os resultados “não estatisticamente significativos” dos primeiros ensaios de profilaxia foram amplamente interpretados como prova definitiva da falta de eficácia do HCQ. Esta interpretação perturbou a conclusão atempada dos restantes ensaios”, afirmaram.
Eles falavam dos estudos isolados que foram positivos para a hidroxicloroquina, mas que por serem pequenos, por diversos terem terminado antes, como Boulware et al, publicado na NEJM, não tiveram poder estatístico para atestar a eficácia, algo parecido como um “tecnicamente empatado” das pesquisas eleitorais.
“O HCQ foi considerado em geral pela comunidade médica como ineficaz para a profilaxia da COVID-19. A emergência desse consenso foi surpreendente porque ambos os ensaios encontraram um risco mais baixo de COVID-19 no grupo HCQ, embora fossem demasiado pequenos para descartar os benefícios ou danos da HCQ”, detalharam os cientistas.
Gráfico: comprovação da profilaxia pré-exposição
Estimativa do risco de COVID-19 para hidroxicloroquina versus sem hidroxicloroquina em ensaios clínicos randomizados de profilaxia pré-exposição, agrupados e por estudo. Estas estimativas são baseadas na definição de COVID-19 relatada na análise primária de cada estudo. Todos os estudos mostraram benefícios, por unanimidade, mas sozinhos, não possuíam poder estatístico.
Profilaxia pós exposição ainda sem comprovação
Os autores explicaram que devido ao consenso criado erroneamente afirmando insistentemente a ineficácia da hidroxicloroquina, além de um exagero da mídia em relação a efeitos colaterais, gerou uma falta de estudos, porque faltaram voluntários. Deste modo, há apenas hoje 4 estudos nesta situação, um número insuficiente para gerar significância estatística, apesar de parte dos estudos serem positivos.
Além disso, nos estudos em profilaxia pós exposição, os autores criticaram os métodos, com muitos deles levando muito tempo para dar os medicamentos. “O tempo desde a exposição até ao início da profilaxia foi relativamente longo: num ensaio, cerca de um terço dos participantes foram inscritos 4 dias após a exposição”, afirmaram.
Eles compararam com os estudos de medicamentos para prevenção do HIV. “Para comparação, recomenda-se a profilaxia pós-exposição para o HIV nas primeiras 6-72 h após a exposição”.
Aos checadores de fatos
1 – O estudo é uma revisão sistemática com meta-análise, o mais alto nível de evidência científica. Vão dizer que não presta?
2 – Os estudos incluídos na análise da profilaxia pré-exposição são todos randomizados, duplo cegos e controlados por placebo. Vão dizer que o “padrão ouro” não comprova nada?
3 – O pesquisador líder é de Harvard. Há um segundo de lá também. Outros são do Ministério da Saúde da Espanha e de uma universidade da Espanha. Vão dizer que essas entidades são ruins?
4 – O periódico científico é de alto impacto. Vão falar que não servem?
Está aí. Tudo que vocês discursam desde o início da pandemia. Absolutamente todos os supostos, que nós contestamos, requisitos. Estamos, desde já, curiosos para ver quem vocês vão achar para dizer que nada disso presta.
Eficácia pode chegar a 75% acumulando doses, diz estudo
Um estudo publicado em agosto de 2021 analisou a eficácia da hidroxicloroquina em profilaxia pré-exposição baseado em estudos observacionais da Índia. A diferença é que a análise deu destaque para a eficácia após acumularem doses por seis semanas. A eficácia chegou em 75%. Nesta meta-análise nova, os estudos randomizados mediram a eficácia a partir dos primeiros dias de uso, chegando em 28% de eficácia.
Entretanto, eram estudos observacionais, não os randomizados e controlados, em revistas de baixo impacto, e o autor não era de uma instituição importante. Estudos observacionais também são evidências eficácia. Na história da medicina, eles coincidem com os RCTs. Quando a notícia viralizou, “checadores de fatos” fizeram todas essas críticas, até difamaram o autor com histórias ocorridas há mais de 40 anos. “Estudo não traz evidências que comprovem eficácia da hidroxicloroquina na prevenção à covid-19” disseram.
Agora está aí, uma nova confirmação, quase um ano depois e milhares de mortos a mais na conta de uma guerra estúpida contra um medicamento extremamente seguro, onde na conta de risco e benefício, valeu a pena desde os primeiros estudos.
Fonte: www.medicospelavidacovid19.com.br