POR ANDRÉIA ARAÚJO, ENVIADA ESPECIAL A CAMPO GRANDE
A pré-campanha eleitoral em Mato Grosso do Sul começou, em abril, com os eleitores torcendo o nariz para as opções de voto entre os candidatos ao Governo do Estado. Para muitos sul-mato-grossenses, suas impressões em relação a determinados candidatos estavam, digamos, em processo de conhecimento do cenário.
A boa-nova, contudo, surgiu há cerca de cinco meses. A candidatura do ex-secretário de Governo Eduardo Riedel (PSDB) — até então figura desconhecida de grande parte da população — fez as pessoas darem mais atenção à escolha do sucessor de Reinaldo Azambuja.
Isso explica a consistência no crescimento do ex-secretário nas intenções de voto, impulsionado por um discurso moderno e claro, de quem conhece a máquina pública como poucos, apesar de nunca ter ocupado cargo eletivo. Levou para o debate um dos programas de governo mais completos.
Riedel cresce impulsionado por discurso moderno e claro, de quem conhece a máquina pública, apesar de nunca ter ocupado cargo eletivo
O MS em Brasília chegou a essa conclusão depois de acompanhar, por dez dias, reuniões dos cinco principais candidatos em Campo Grande. A ideia foi extrair, como cidadão comum, o posicionamento dos pretendentes ao cargo, a segurança deles ao apresentar as propostas e o convencimento de cada um perante os convidados.
Candidatos e seus discursos
O ex-governador André Puccinelli, além de apresentar histórico de realizações, aponta com objetividade o que fará caso seja eleito. É o que mais se aproxima de Riedel em relação ao conjunto de propostas para governar o Estado. Pesa contra André, no entanto, denúncias em seu último mandato, as quais ele repele com veemência.
Capitão Contar (PRTB) se perde no discurso inflamado e repetitivo, onde a figura central é o presidente Jair Bolsonaro. Esquece que é candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul, cujas propostas deveriam ser exclusivamente para conquistar o eleitorado estadual. O bolsonarista também perdeu tempo ao trocar de partido duas vezes em poucos dias, na largada da pré-campanha.
André apresenta histórico de realizações e objetivamente o que fará caso seja eleito
Rose Modesto, do União Brasil, faz discurso insosso, centrado apenas no fato de ser mulher. Repete as velhas soluções para velhos problemas, posição de quem não sabe para onde quer ir. A candidata deveria oferecer muito mais ao eleitor por ter sido vice-governadora, candidata a prefeita em Campo Grande e atualmente deputada federal.
Some-se a esses problemas o fraco e belicoso palanque montado no Estado com a senadora Soraya Thronicke, candidata a presidente, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, postulante ao Senado. Ambos inimigos declarados de Bolsonaro.
Vergonha
Entre os cinco principais candidatos, Marquinhos Trad (PSD) é o que tem as piores propostas. Insiste no bordão de “fazer no Estado o que fez em Campo Grande”. Não olha diretamente nos olhos das pessoas presentes às reuniões, certamente devido às acusações de crimes sexuais.
Levou para a campanha o peso de um gestor perturbado e desacreditado, com administrações questionadas por ausência pura de planejamento, seja na realização de obras e projetos, seja na boa aplicação dos recursos públicos. Aposta na distribuição de sorrisos, agora mais contidos, repita-se, pelas acusações de assédio sexual.
Trad levou para a campanha o peso de um gestor perturbado, desacreditado, com administrações questionadas por ausência pura de planejamento
Já Riedel parece entender bem a lógica do eleitor. Daí sua estratégia incansável de fazer várias reuniões, diariamente, para levar suas ideias a um número maior de eleitores na Capital e interior. “Se Riedel for governador, Mato Grosso do Sul terá uma explosão de crescimento. Pode me cobrar”, diz Marcelo Bertoni, presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul.
Tudo isso explica o crescimento pensado, planejado e sem pressa de Eduardo Riedel na disputa pelo Governo do Estado. Sua campanha apresenta um candidato moderno, com ideias claras e que não tem medo de rechaçar propostas eleitoreiras e populistas apenas para conquistar o eleitor. “O novo na política é gerar resultados”, define peça publicitária do candidato, que também se declara bolsonarista.
“Se Riedel for governador, Mato Grosso do Sul terá uma explosão de crescimento. Pode me cobrar” — Marcelo Bertoni, presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul