CAMPO GRANDE
O candidato ao Governo do Estado pelo PSD, Marquinhos Trad, não apareceu para depor na Delegacia Especializada Atendimento à Mulher (DEAM) na tarde desta quarta-feira (21), em Campo Grande. O ex-prefeito é acusado de vários crimes sexuais, como assédio, importunação, estupro, tentativa de estupro e incentivo à prostituição.
Uma advogada do político, que era esperado por dezenas de mulheres em frente à Casa da Mulher Brasileira, esteve com a delegada Maíra Pacheco, titular da DEAM, e solicitou que seu cliente seja ouvido apenas após o primeiro turno da eleição, que acontece no dia 2 de outubro.
A ausência de Marquinhos Trad já era esperada. Ele tinha conhecimento de que dezenas de jornalistas e fotógrafos o aguardavam para registrar o interrogatório. A surpresa foi a presença no local de ao menos 30 mulheres, com cartazes contra o assédio e demais crimes sexuais, gritando palavras de ordem.
Apesar de proibidas de entrarem no prédio, as mulheres permaneceram no local com gritos de cobrança a Marquinhos, como “Marquinhos Trad, cadê você, viemos aqui só pra te ver”, “Nós somos a Casa da Mulher Brasileira” e “Quem não deve, não teme”, fazendo alusão ao fato de o ex-prefeito não ter comparecido ao interrogatório.
Elas integram o grupo Movimento Para Mulheres, que pede justiça e respeito à delegada Maíra Pacheco. “Ele, mais do que ninguém, tem que dar exemplo”, afirmou a professora aposentada Rose Rocha, que organizou o movimento. Outra líder do movimento, Cleonice Costa, disse que “ninguém tem partido aqui. Temos uma causa, estamos brigando por justiça”.
“Ele, mais do que ninguém, tem que dar exemplo” — Rose Rocha, professora aposentada, presente no protesto
Outra data
A delegada Maíra Pacheco tem a prerrogativa de atender ou não o pedido da defesa de Marquinhos Trad de agendar apenas para após o primeiro turno da eleição o seu interrogatório.
As denúncias contra Marquinhos Trad vieram a público por meio de matéria publicada no site Metrópoles, de Brasília, pelo jornalista Guilherme Amado. Ele teve acesso aos boletins de ocorrência com as queixas prestadas por quatro mulheres – mais tarde, uma delas voltou atrás após ser cooptada por um ex-assessor do político, que está preso.
Mais vítimas
No decorrer das investigações, o número de vítimas subiu para 16. No entanto, oito delas foram afastadas do inquérito, já que os crimes atribuídos ao ex-prefeito já estavam prescritos. Mesmo assim, essas mulheres continuam no inquérito, na condição de testemunhas.
Há relatos de mulheres que tiveram relações sexuais com o então prefeito no banheiro do gabinete da Prefeitura, hoje ocupado pela prefeita Adriane Lopes (Patriota).
Há relatos de mulheres que tiveram relações sexuais com o prefeito no banheiro do gabinete da Prefeitura
Por meio de sua defesa, Trad já tentou judicialmente afastar, sem sucesso, a delegada Maíra Pacheco da presidência do inquérito. Tentou também no Tribunal de Justiça trancar as investigações, mas até hoje a Corte não se manifestou a respeito.
O candidato a governador também tentou proibir a imprensa do Estado de publicar notícias sobre o caso, como o site de notícias Midiamax.
Político nega
À imprensa, Marquinhos Trad nega todas as acusações. “Uma tentativa covarde, rasteira. Estão desesperados porque estamos em primeiro nas pesquisas, mas não conseguirão mudar a vontade da população de dar um basta nesta gente que administra pensando nos próprios interesses e é capaz de tudo para conseguir o que quer. Já tentaram isso em 2020 e a própria polícia considerou uma armação”, diz.
Com o site de notícias Vox MS www.voxms.com.br