CAMPO GRANDE
O deputado estadual Capitão Contar (PRTB) e o ex-secretário Eduardo Riedel (PSDB) foram os dois candidatos ao governo mais bem votados e decidirão em segundo turno quem governará Mato Grosso do Sul a partir de janeiro de 2023.
Em uma disputa pouco provável, segundo as pesquisas, Contar e Riedel deixaram para trás potenciais candidatos: o ex-governador André Puccinelli (MDB), o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) e a deputada federal Rose Modesto (União).
Trad sai da campanha bem menor do que entrou, um anão, digamos, após sofrer uma série de acusações de crimes sexuais e ter suas ações na prefeitura, durante os cinco anos, questionadas, como a falta de austeridade fiscal e econômica, além de denúncias de ter usado programa social para dar salário a pessoas da alta sociedade, como modelos, influenciadores, profissionais liberais e empresários.
A enxurrada que arrastou Marquinhos levou junto o irmão Fábio Trad, que não conseguiu a reeleição de deputado federal, e o sobrinho Otávio Trad, vereador em Campo Grande, que disputou vaga na Assembleia Legislativa. Ambos do PSD, que ainda tem o senador Nelsinho Trad como filiado.
Ao negar votos suficientes aos Trad, a população sul-mato-grossense mostrou que não está disposta a manter mais dinastias familiares. No entanto, ainda incorre no erro de eleger políticos de supetão, como o novato Marcos Pollon (PL) a deputado federal. Pollon é um andarilho do país, tanto que ninguém o conhecia no Estado até ser catapultado pela família Bolsonaro. Foi o mais votado.
A enxurrada que arrastou Marquinhos levou junto o irmão Fábio Trad, candidato à reeleição de deputado federal, e o sobrinho Otávio Trad, candidato a deputado estadual
Ou o fato de o eleitor de Campo Grande dar mais votos a Loester Trutis (PL), que responde a processo no Supremo Tribunal Federal por ter forjado o próprio atentado, do que ao ex-senador Waldemir Moka (MDB), candidato a deputado federal, um dos maiores políticos da história de Mato Grosso do Sul.
Marquinhos, cujo olho foi maior do que a barriga, por ter abandonado o segundo maior cargo político do Estado com apenas um ano e três meses após a reeleição, o de prefeito de Campo Grande, enfrenta agora o fantasma das acusações gravíssimas de crimes sexuais, o que pode levá-lo a prisão e ainda ficar inelegível por oito anos.
“Novos da política”
Por outro lado, Contar e Riedel podem ser considerados os “novos da política”. O primeiro chegou ao segundo turno após providencial pedido de apoio do presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional, durante debate na TV Globo. O segundo chega com o peso de ter sido secretário de governo nas duas gestões de Reinaldo Azambuja, cujos resultados são os melhores na história de MS.
A partir de agora, Contar e Riedel vão buscar apoio dos derrotados para o segundo turno. Há chances de MDB e PT caminhar com o segundo, enquanto o apoio de Rose é ainda incerto porque o União Brasil abriga dois dos principais adversários do presidente Bolsonaro, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e a senadora Soraya Thronicke, cujo desempenho na disputa presidencial foi pífio.
A partir de agora, Contar e Riedel vão buscar apoio dos derrotados para o segundo turno
O rumo do PSD, partido dos Trad, está indefinido. O partido deverá ser a noiva rejeitada em razão das denúncias contra Marquinhos. Atrelar o nome a um ex-candidato acusado de assédio, importunação, estupro, tentativa de estupro e incentivo à prostituição pode ser suicídio político no segundo turno, quando qualquer coisa mal-acabada pode resultar em iminente derrota.
Cabe a Riedel e a Contar preparar a caixa de armas para conquistar a outra metade do eleitorado, cada qual com suas qualidades pessoais e apoios políticos, os quais ninguém pode duvidar, haja vista o crescimento de ambos na reta final.
A diferença entre os dois candidatos foi de apenas 1,55 ponto percentual. Retrata bem a expressão “cabeça a cabeça”, cujo resultado pode se repetir dentro de alguns dias, dessa vez valendo a faixa de governador.