CAMPO GRANDE
Ex-candidata a presidente da República pelo MDB, a senadora Simone Tebet tem se mostrado individualista desde 2018, quando abandonou o partido em Mato Grosso do Sul, semana depois de ter seu nome aprovado em convenção.
De lá para cá, a filha de Ramez Tebet se afastou dos seus companheiros de partido no Estado. Tornou-se andorinha a voar sozinha, num céu imenso, que é o mundo político.
Sofreu derrota retumbante na disputa pela Presidência do Senado, mas, em seguida, ganhou projeção nacional — boa ou ruim — ao se juntar à cúpula da CPI da Covid-19 para atacar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No início do ano, começou a se articular para se candidatar à Presidência. Recusada internamente, impôs seu nome à cúpula nacional do MDB. Birrenta, não aceitou ser vice.
Foi para a disputa, onde teve 4,9 milhões votos, número risível por se tratar de eleitorado com 156 milhões de pessoas aptas a participar das eleições. Para quem anda de nariz empinado, o resultado das urnas não é para comemorar. Contudo, esse desempenho não foi problema maior.
Para quem anda de nariz empinado, o resultado das urnas não é para comemorar
Terminado o primeiro turno, começaram as negociações para formalização de apoio com vistas ao turno derradeiro da disputa presidencial. Para quem não sabe, Simone Tebet foi adversária áspera do PT no Senado.
Fez parte da comissão especial do impeachment de Dilma Rousseff, ajudando a afastá-la da Presidência corretamente, diga-se. Travou duelos com o mais petista dos emedebistas, o senador alagoano Renan Calheiros.
Ao decidir com quem ficaria no segundo turno, entre o corrupto Luiz Inácio Lula da Silva e o imprevisível (talvez até destrambelhado) presidente Jair Bolsonaro, a mulher que se coloca como “palmatória do mundo” escolhe o mal maior.
Posou para fotos e discursou ao lado de ex-presidente que sacudiu o país com dois dos maiores escândalos de corrupção da história. No colo de Simone, está não somente Lula, como toda a sua incoerência como cidadã e política.
No colo de Simone, está não somente Lula, como toda a sua incoerência como cidadã e política
Com argumento frágil de que está com a democracia, Simone Tebet escarra no rosto de cada brasileiro, em especial de cada sul-mato-grossense. Visão contrária à da sua vice, a também senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), que sentenciou: “Não posso apoiar o Lula. Ele dilacerou o Brasil”.
Que Simone aponte, objetivamente, atos que podem considerar Jair Bolsonaro antidemocrata. Que aponte ditadores espalhados pelo mundo apoiados pelo atual presidente. Isso tem muito do lado que escolheu para estar no segundo turno. Ela sabe disso. Conhece política internacional.
Se o Brasil vive sob a incerteza de estar ou não cumprindo seus princípios democráticos, ela parte sobretudo do Supremo Tribunal Federal, Corte que tem cometido arbitrariedades corriqueiramente, especialmente na figura do amigo da senadora, o ministro paulista Alexandre de Moraes.
Que Simone Tebet seja explícita ao apontar por que escolheu um caminho em detrimento do outro. Que não zombe da cara do eleitor sul-mato-grossense, uma vez que ela ocupa cargo que hoje lhe paga salário, graças a Mato Grosso do Sul.
“Não posso apoiar o Lula. Ele dilacerou o Brasil” — Senadora Mara Gabrilli, ex-vice de Simone Tebet
O cinismo que se via somente em rostos como de Renan Calheiros (MDB-AL), Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), entre outras figuras abjetas do Congresso, está cada vez mais refletindo o rosto angelical de Simone.
O que se espera, a partir de agora, é que ela busque novo domicilio eleitoral para desfilar sua incoerência a céu aberto. A razão é simples: o Brasil a conhece pouco; Mato Grosso do Sul a conhece muito bem.
Se achegue pra lá, senhora, que a fila anda!