CAMPO GRANDE
O ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) e a deputada federal Rose Modesto (União Brasil durante a campanha e agora sem partido) têm pouca coisa em comum, pessoalmente.
Na política, contudo, muitas coisas os aproximam. Uma delas é a ambição desmedida que cerca ambos. Entraram numa disputa difícil — a do Governo do Estado — sem medirem as consequências, como o fato de estarem mais pertos da derrota do que da vitória.
Trad abriu mão do segundo maior cargo de Mato Grosso do Sul, o de prefeito de Campo Grande, para o qual foi reeleito em 2020. Pediu votos ao eleitor da capital para ter mais quatro anos, mas cumpriu apenas um ano e três meses. Renunciou a dois anos e nove meses de mandato. Rose, por sua vez, tinha reeleição praticamente certa.
Seja qual for o motivo que levou cada um deles a abrir mão do certo pelo duvidoso, fato é que ambos terão que voltar para o final da fila, até mesmo para retornar ao lugar aonde estavam: Trad como prefeito de Campo Grande e Rose como deputada federal.
Seis anos atrás, Trad e Modesto disputavam o segundo turno para definir o prefeito de Campo Grande, vencido pelo primeiro. De lá para cá, tiveram conquistas, mas, ao que parece, pouco juízo. Hoje, estão juntos, na rua da amargura, onde devem permanecer por bom tempo.
O caminho deles em 2023 está à vista de todos. Ou Marquinhos se candidata a vereador na capital, o que seria humilhação, ou abandona a política por agora e aguarda 2026, quando terão se passado quase cinco anos fora dos noticiários. Rose teria que esperar mais quatro anos para tentar se eleger a deputada federal, cujo mandato atual termina em 31 de janeiro de 2023.
Fato é que Marquinhos e Rose terão que voltar para o final da fila, até mesmo para retornar ao lugar aonde estavam
A ex-candidata ao Governo pode até pensar em se candidatar à Prefeitura de Campo Grande em 2024, mas entraria com chances remotas de sucesso. Tanto ela quanto Trad saíram menores do que entraram na eleição deste ano. Tiveram votação bem abaixo das expectativas. Alcançaram a quarta e sexta posição. Ambos são políticos claudicantes, inseguros, cujas pretensões de agora em diante vão dizer se eles param ou continuam.
A política não perdoa bote mal dado. Ou, em outras palavras, “a esperteza quando é muita, vira bicho e engole o dono”. Trad e Modesto também se assemelham em relação à desconfiança que transmitem a aliados políticos. Não são confiáveis. Parecem estar sempre agindo para se beneficiarem. E foram justamente os dois que se viram, inapelavelmente, eliminados da disputa que os levaria ao segundo turno.
O terceiro candidato mais competitivo ao cargo de governador, o emedebista André Puccinelli, cumpriu seus objetivos ao ser governador e prefeito de Campo Grande, ambos por dois mandatos, deputado federal, deputado estadual e secretário de Saúde.
Trad e Modesto também se assemelham em relação à desconfiança que transmitem a aliados políticos
Capitão Contar, do PRTB, e Eduardo Riedel, do PSDB, disputam a sucessão de Reinaldo Azambuja. Quem perder, estará no mínimo no segundo turno das eleições para prefeito de Campo Grande em 2024. Giselle Marques, do PT, fez seu papel. Ocupou espaço para divulgar o nome do presidenciável Lula e alcançou boa votação, ficando à frente do próprio Marquinhos Trad.
Rose Modesto, para se sustentar, terá que retornar às salas de aula. Já Marquinhos Trad terá que se decidir: ou retorna à Assembleia Legislativa, onde é servidor efetivo, sem concurso público, diga-se, ou retoma à banca de advogados. O político tem até 31 de março de 2023 para reassumir o cargo na AL-MS, de onde se licenciou em abril deste ano para disputar o Governo.
Seja qual for o destino de cada um dos derrotados, os dias serão longos para eles. Trad carregará ainda consigo o fantasma das acusações sexuais, as quais podem resultar em muitas dores de cabeça ao político. Embora as investigações tenham sido trancadas, novamente, pelo Tribunal de Justiça do Estado, há expectativa sobre o surgimento de fatos novos, suficientes para reabrir o caso.