POR PRIMEIRA PÁGINA
Foi entregue nesta terça-feira (8) ao Judiciário a peça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS) pedindo a responsabilização do ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) por crimes contra a dignidade sexual. É o resultado da análise da promotoria sobre o inquérito encerrado 15 dias atrás pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
O Primeira Página apurou que foram denunciados fatos envolvendo 7 mulheres, número maior do que o de indiciamentos que a Polícia Civil fez – que era de 3.
Durante o curso do inquérito, chegaram a ser identificadas 16 denunciantes, porém a defesa de Marquinhos obteve decisões para derrubar parte das acusações.
Não foi possível levantar detalhamento das tipificações pelas quais o político foi denunciado, em razão do sigilo do processo, por envolver dignidade sexual das vítimas identificadas.
Pelo trâmite legal, a peça acusatória vai para a avaliação da juíza titular 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal. Só o inquérito policial tem 1.650 páginas, contendo depoimentos das denunciantes, das testemunhas, peças da perícia e o interrogatório do investigado na Polícia Civil.
Na campanha
A investigação policial foi concluída logo depois do depoimento de Marquinhos, tomado em 18 de outubro. O ex-prefeito só compareceu na delegacia depois de ser derrotado nas eleições para o governo do estado, e chegou a faltar a duas convocações.
Marquinhos virou alvo de apuração policial no início em julho, logo no início da campanha eleitoral. Contra ele, as suspeitas anunciadas pela Polícia Civil, que fez entrevista coletiva sobre o trabalho policial, eram de crime estupro, tentativa de estupro, injúria, assédio sexual, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e ainda importunação sexual.
O ex-prefeito admitiu ter tido relações fora do casamento com duas das mulheres e alegou já ter sido perdoado pela família. Em todas as vezes que falou sobre o tema, negou uso do cargo público para favorecer as mulheres em troca de sexo, como relatado pelas supostas vítimas.
Trad terminou a disputa pelo governo em sexto lugar, atrás até mesmo da candidata petista Giselle Marques. Ela havia renunciado ao mandato de prefeito de Campo Grande em abril, após ser reeleito para mais quatro anos.
A versão sustentada é de ter sido alvo de armação para prejudicar sua campanha.
O Primeira Página procurou a defesa de Marquinhos nesta quarta-feira, para falar sobre o novo andamento, e ainda não obteve resposta. O promotor responsável, Alexandre Capiberibe Saldanha, não quis se pronunciar, alegando o sigilo do caso.