CAMPO GRANDE
A 20 dias de entregar o comando do governo de Mato Grosso do Sul ao seu ex-secretário Eduardo Riedel, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) destaca os principais pontos que, segundo ele, transformaram o Estado em oito anos de gestão.
Em entrevista nesta segunda-feira (12) ao Bom Dia MS, apresentado por Maureem Mattiello, o chefe do executivo estadual afirmou que suas gestões mudaram o perfil de Mato Grosso do Sul. Destacou que, em oito anos, o Estado dobrou suas riquezas, cujo Produto Interno Bruto (PIB) passou de R$ 82 bilhões em 2015 para estimativa de R$ 160 bilhões em 2022.
O governador afirmou que, ao mesmo tempo, o Estado alcançou equilíbrio fiscal em suas contas. Saiu de nota D para nota A, com base em estudos da Secretaria do Tesouro Nacional (ver aqui), e alcançou o maior crescimento econômico durante a pandemia.
“Apesar da pandemia, tivemos o maior crescimento entre os estados brasileiros e geramos milhares de empregos” — Governador Reinaldo Azambuja
Lembrou que Mato Grosso do Sul foi um dos Estados que mais vacinaram contra a Covid-19, com liberdade econômica para o desenvolvimento das atividades (ver aqui). “Apesar de tudo isso, tivemos o maior crescimento entre os estados brasileiros e geramos milhares de empregos”, completa.
Reinaldo disse ainda que o Estado deve fechar 2022 com a geração de recorde de 50 mil postos de trabalho, colocando-se em segundo lugar na geração de empregos. Citou também dados do Tesouro Nacional que colocam Mato Grosso do Sul como o Estado que mais investe recursos por número de habitantes (ver aqui).
Confira mais sobre a entrevista do governador ao Bom Dia MS, por meio do portal Primeira Página.
Eduardo Ridel assume a sua cadeira daqui a pouco, menos de três semanas. O senhor está participando da elaboração do novo Plano de Governo e, também, da indicação de nomes para o secretariado?
Não, essa decisão de indicações é do governador eleito. Quando consultado, a gente dá alguma opinião, mas a decisão de escolha de equipe é dele. O que ele tem me dito, ele vai seguir o programa de governo. Para isso, pessoas técnicas, que vão ajudar no cumprimento daquilo que ele propôs para a população sul-mato-grossense.
O senhor terá algum papel no governo Riedel, mesmo sem ocupar um cargo?
Não, será mais de um conselheiro, quando a pessoa precisa de uma informação. A gente passa oito anos no governo, você tem amplitude. Eduardo esteve dentro, nos oito anos praticamente. Secretário de governo, de infraestrutura, ajudou o governo a sair da pior nota, a nota D, para a nota A, e agora começa um novo governo. Cada governante tem seu estilo.
O grande desafio será consolidar a Bioceânica, que é fundamental para o desenvolvimento do Estado, buscar a finalização e relicitação das BRs-163, 262, 267, que cortam Mato Grosso do Sul. E isso é muto importante para o desenvolvimento econômico. Também tem a nova Ferroeste, novo modal e relicitação da malha oeste.
“O grande desafio será consolidar a Bioceânica, que é fundamental para o desenvolvimento do Estado”
Sobre futuro político, teremos, em 2024, eleição para prefeito de Campo Grande e, em 2026, para Senado. O senhor vai estar na disputa em qual dessas eleições??
Como candidato, em 2024, tenha certeza que nenhuma. Estou presidente do partido, PSDB, foi delegado a mim, no final do mês de outubro. Vou ajudar na articulação política do nosso partido e de partidos aliados.
E o Senado?
Isso é possível, mas não é algo que está certo. O grande desafio é torcer para que o Eduardo e equipe consigam manter o Estado como o que mais cresce.
Já falamos aqui, que o senhor criou ou ampliou programas sociais como “Mais Social” e “Tarifa Zero”, de energia. Na campanha houve promessa de aumento do valor do “Mais Social”. Existe caixa para isso?
Tem caixa. O governo vai fazer a sucessão no dia 1 de janeiro, todos os salários pagos, fornecedores em dia e todas as obras que não terminarem, vamos deixar o dinheiro em caixa, devemos passar mais de R$ 1,5 bilhão em caixa pro Eduardo e equipe terminar todas as obras, ele vai assumir sem nenhum compromisso daquilo que já está contratado.
“O governo vai fazer a sucessão no dia 1 de janeiro, todos os salários pagos, fornecedores em dia e todas as obras que não terminarem”
Como o senhor avalia o relacionamento do seu partido, PSDB, com o PT, que passa a governar o país, a partir de janeiro?
Temos um ótimo relacionamento. Eu convivi com a Dilma, ela petista, eu do PSDB, e realizamos políticas públicas. Com Michel Temer, e os quatro anos do presidente Bolsonaro tivemos um ótimo relacionamento. Eduardo, eu acredito, terá uma ótima relação. Nós tivemos, no segundo tuno, o próprio Partido dos Trabalhadores que, quase maciçamente, apoiou a eleição de Eduardo Riedel e isso é fazer política com as prioridades da população. Não vejo dificuldade.
O senhor já conversou com representantes do PT ligados ao presidente eleito, Lula? A reunião com o presidente eleito, no âmbito do Fórum dos Governadores, foi adiada. Caso ainda ocorra, quais serão as demandas que o senhor pretende levar ao presidente eleito?? A questão do teto da alíquota do ICMS para gasolina continua sendo uma das prioridades?
É muito mais fácil relacionar com a equipe já constituída, era dia 13 e jogaram para janeiro. Vamos ter uma reunião amanhã com os governadores eleitos e reeleitos, e aqueles que estão terminando mandato, vamos discutir ICMS.
No PT já há entendimento que o PSDB deixa de ser o principal adversário, que passa a ser partidos ligados ao presidente Bolsonaro. Como o senhor avalia o impacto dessa mudança do cenário político para o Estado? PSDB e PT podem caminhar juntos em MS?
Já caminhamos juntos. Se olhar os últimos quatro anos, a bancada do PT, lideranças do PT, estiveram muito próximas do governo nas políticas públicas, nas comunidades indígenas, assentamentos rurais. A gente conviveu bem na construção de políticas públicas, as divergências diminuíram muito. A gente não governa só para partidos políticos, governa para pessoas.
“A gente não governa só para partidos políticos, governa para pessoas”
Tramita no STJ uma investigação contra o senhor que nasceu no âmbito da operação “Vostok” – propinas em troca de benefícios fiscais. Deixando o governo, o processo deve vir para a primeira instância. Como o senhor avalia?
Tinham três denúncias da época da operação Vostok. Foi todo um ‘estardalhaço’, medidas cautelares até hoje. Mas, não tem nenhuma denúncia, duas arquivadas no STJ. Recentemente arquivei aquela que foi muito falada, que saiu na mídia nacional, com uma frase escrita assim: ‘por total falta de provas que possam condenar o governador Reinaldo, ou seu filho, Rodrigo, peça-se arquivamento’. Então, quem me acusou pediu para arquivar a denúncia, porque não tinha prova. Estou muito tranquilo com isso. Comecei sem nenhuma condenação e termino sem.
“Quem me acusou pediu para arquivar a denúncia, porque não tinha prova. Comecei sem nenhuma condenação e termino sem”
O que senhor vai fazer a partir do dia 1º de janeiro, quando o seu sucessor, Eduardo Riedel, for empossado?
Primeiro, uma convivência um pouco maior com os amigos e com a família. A política afasta você da família, dos netos, tenho três, às vezes a gente se afasta. Vou conviver com a minha mãe, dona Zulmira, 84 anos, Fatima, minha esposa, e também olhar MS, cuidar do Estado, apoiar as ações do Eduardo e desejar a todos nós que MS tenha um ótimo ano de 2023, saúde, paz, prosperidade e vida longa.