CAMPO GRANDE
Um dos grandes exportadores de carne bovina e de grãos do Brasil, Mato Grosso do Sul pretende ampliar mercados para um produto que só pode ser desenvolvido no Pantanal: a carne sustentável, ou boi pantaneiro. A área pantaneira tem 65% localizada em Mato Grosso do Sul e 35% em Mato Grosso.
A meta é evidenciar a sustentabilidade da carne pantaneira, o diferencial da sua produção e ganhar mercados consumidores cada vez mais exigentes, propiciando melhor remuneração para os produtores. Atualmente no Estado são abatidas de 50 mil a 70 mil cabeças de gado por ano com a certificação de sustentável, índice que equivale de 5% a 7% dos abates anuais no Pantanal.
Uma das primeiras medidas tomadas pelo governador Eduardo Riedel, que tomou posse em 1º de janeiro, foi autorizar novas ações para ampliar parcerias nesse segmento, sob o comando da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Para ser considerada sustentável, além da identificação desde o nascimento, indicando quem é a mãe, o boi não pode ser alimentado, em nenhuma fase da vida, com rações que contenham agrotóxicos (milho, soja, sorgo) nem receber antibióticos. O tratamento preventivo só pode ser feito com homeopatia e fitoterapia e o rebanho deve ser criado em áreas sem desmatamento ilegal.
Para ser sustentável, além da identificação desde o nascimento, indicando quem é a mãe, o boi não pode ser alimentado, em nenhuma fase da vida, com rações que contenham agrotóxicos nem receber antibióticos
Reunião para debater o assunto foi realizada terça-feira (10) pelo secretário Jaime Verruck (Semadesc), com o presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável, Eduardo Cruzetta. Também participaram do encontro o secretário executivo de desenvolvimento sustentável Rogério Beretta, o secretário executivo de Ciência e Tecnologia, Ricardo Senna, e o coordenador na área ambiental Pedro Neto.
O objetivo, segundo Verruck, foi discutir ações e metas para alavancar ainda mais o projeto de carne de produção sustentável e orgânica do Pantanal, um dos caminhos para se obter em 2030 o Estado Carbono Neutro atendendo a proposta de Governo de Eduardo Riedel.
“O primeiro ponto a destacar é que o Eduardo Cruzetta, presidente da Associação, mencionou que realmente a partir do momento que o Governo do Estado estabeleceu os incentivos fiscais para produção da carne sustentável se criou um novo ecossistema de produção viabilizando a pecuária pantaneira. Hoje são mais de 90 produtores envolvidos. Isso incentivou o associativismo neste setor”, pontuou o secretário. Com os incentivos dados na produção, Mato Grosso do Sul conseguiu consolidar o projeto carne orgânica e sustentável.
Com os incentivos dados na produção, Mato Grosso do Sul conseguiu consolidar o projeto carne orgânica e sustentável
Valor agregado
Na reunião ainda foram debatidos no âmbito da ciência e tecnologia e inovação e do desenvolvimento estratégias para consolidar a carne do Pantanal como um produto diferenciado de maior valor agregado. “A ideia é que a gente discuta exatamente uma linha de trabalho do marketing de divulgação dessa carne, visando que os consumidores reconheçam esses valores da carne e possamos obter melhor remuneração aos produtores”, explicou Verruck. Uma das ações, conforme o secretário, será a realização neste ano de um evento para divulgar a carne pantaneira sustentável.
“Já definimos na reunião que vamos fazer um evento, o Pantanal Meat Fashion, aqui em Campo Grande. Vamos definir a data em parceria com a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável. Tivemos um evento desse no município de Rio Verde e acreditamos que essa é uma forma de divulgarmos a qualidade da carne do Pantanal”.
Outra estratégia para ampliar a abrangência da carne pantaneira será a Indicação Geográfica (IG), que é um reconhecimento para produtos ou serviços que apresentam uma origem geográfica específica e que possuem qualidades e reputação relacionadas ao local de origem.
“A ideia é que a gente discuta exatamente uma linha de trabalho do marketing de divulgação dessa carne” — Secretário Jaime Verruck
“A Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável começou um trabalho já de fazer indicação de origem da carne pantaneira e vai registrar isso no INPI. Então, o Governo do Estado, a partir de agora, passa a ser parceiro dessa iniciativa para que a gente consiga uma identificação geográfica, assim denominada Indicação Geográfica de Origem do Pantanal. Vai ser um trabalho importante que a Associação está fazendo e nós vamos entrar como parceiros nessa linha”, citou.
Outra medida definida no encontro foi de desenvolvimento de pastagens nativas. “Queremos ampliar a linha da pesquisa para desenvolvimento de pastagens nativas e de projetos de pesquisa na área do carbono neutro. Isso é fundamental e talvez seja a linha mais importante no curto prazo que a gente trabalhe com a pesquisa na pecuária”, acrescentou.
Verruck ainda enfatizou que a questão social também será priorizada na região pantaneira. “A meta é fazer um trabalho amplo e completo junto a Sedhast. Quer dizer, que além do Ilumina Pantanal, que leva energia aos ribeirinhos e população pantaneira, possamos ter uma cadeia de valores estruturado. A ideia é dar mais qualidade de vida e condições para as pessoas que ali habitam e trabalham”, finalizou.
Com informações do Governo de Mato Grosso do Sul