CAMPO GRANDE
Responsável por um dos maiores caos administrativos e financeiros de Campo Grande, o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) admite disputar uma das 29 vagas na Câmara de Vereadores da Capital. Trad renunciou ao cargo em abril de 2022 depois de um ano e três meses da reeleição.
Ao sair, deixou o município mergulhado em caos administrativo, crise financeira e a maioria dos indicadores fiscais reprovada pelo Tesouro Nacional. A folha do funcionalismo, por exemplo, manteve-se com os limites constitucionais estourados, devido à contratação de servidores comissionados.
Os acordos salariais firmados por ele com diversas categorias, sem suporte financeiro, tiveram que ser renegociados pela prefeita Adriane Lopes (Patri), como os aumentos concedidos aos professores.
Em 2021, a Prefeitura de Campo Grande esteve à beira da insolvência, conforme relatório fiscal do Tesouro Nacional, divulgado pelo MS em Brasília em dezembro do ano passado (ver aqui).
“Entre os municípios analisados, Campo Grande apresenta o maior comprometimento da sua Receita Corrente Líquida com despesa bruta de pessoal, 70%. São Paulo destaca-se positivamente por possuir o menor comprometimento, de 40,5% de sua RCL”, diz o documento.
O comprometimento da RCL com salário e serviço da dívida avalia a solvência do ente. “Municípios que usam um percentual muito alto da sua RCL têm pouco espaço para lidar com cenários de queda na arrecadação. Podem apresentar situação fiscal mais vulnerável e maior risco de insolvência”, explica.
Além de administrar a cidade por cinco anos sem medidas de austeridade fiscal, Marquinhos é réu por crimes sexuais que teriam sido cometidos contra sete mulheres (ver aqui). As denúncias foram feitas pelo site Metrópoles, de Brasília, em julho de 2022. Na disputa pelo governo, terminou em sexto lugar, à frente apenas de Adonis Marcos (PSOL) e Magno de Souza (PCO).
Além de administrar a cidade por cinco anos sem medidas de austeridade fiscal, Marquinhos é réu por crimes sexuais que teriam sido cometidos contra sete mulheres
O ex-prefeito foi denunciado pelos crimes de assédio sexual (1 vítima), importunação sexual (3 vítimas) e por favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (3 vítimas).
O político também usou Programa de Inclusão Profissional (Proinc) para contratação de cabos eleitorais (ver aqui). O benefício foi criado para atender a pessoas em situação de vulnerabilidade. As regras só foram ajustadas na gestão de Adriane Lopes (Patri), depois que a imprensa passou a divulgar a lista dos beneficiários, com centenas de pessoas recebendo o auxílio irregularmente.
Candidato a vereador
Ao Campo Grande News, Marquinhos disse que a lei não permite que ele seja candidato a prefeito, já que foi reeleito em 2020. “Não se pode ter três mandatos seguidos, mas a lei me permite ser candidato a vereador”, informou.
Afirmou, no entanto, que a ideia de sair candidato a vereador tem que ser avaliada pelos oito vereadores do partido na Capital. “O PSD tem a maior bancada na Casa de Leis e é preciso avaliar com eles sobre isso, nunca será uma decisão sozinha, sempre em conjunto”, disse ao Campo Grande News.
Trad assumirá a direção da legenda em meados deste mês e admite pretensão de lançar candidatura própria à sucessão de Adriane Lopes (Patri), sua ex-vice. “Não ouvi da boca da Adriane [Lopes] se ela é candidata à reeleição. Mas, eu, Marquinhos Trad, tenho uma empatia muito grande, a considero competente e ela vai continuar fazendo um bom trabalho pela cidade, caso seja reeleita”.
Marquinhos terá a missão de evitar debandada geral da agremiação, inclusive do próprio irmão, o senador Nelsinho Trad
Terá a missão de evitar debandada geral da agremiação, inclusive do próprio irmão, o senador Nelsinho Trad. Há conversas para que o irmão mais velho migre para o PP, comandado no Estado pela senadora Tereza Cristina. No entanto, o partido da senadora já teria candidato na chapa de senador para 2026, cujo espaço estaria garantido ao deputado federal Dr. Luiz Ovando.
Com relação ao vereador Junior Coringa, que demonstrou insatisfação no partido, Marquinhos disse ao Campo Grande News ter conversado com ele. “Nós já nos reunimos e vamos conversar de novo antes de eu assumir a presidência. São oito filhos em uma casa e uma hora vai ter divergências”.