CAMPO GRANDE
Um imóvel abandonado no bairro Carandá Bosque virou jogo de empurra entre o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad e o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto, ambos do PSD. A casa é cenário de sujeira e criadouro de mosquito da dengue, o que causa mais impacto à epidemia da doença na Capital.
Trad admite que o contrato de locação está em seu nome, mas atribui a extensão do prazo ao seu ex-secretário de Finanças na Prefeitura de Campo Grande Pedrossian Neto que, por sua vez, disse não ter responsabilidade pelo imóvel.
As informações são do site de notícias Midiamax.
Fato é que ambos dão mau exemplo sobre os cuidados que a população deve ter em relação à limpeza de locais abandonados, principalmente. Até um ano atrás o primeiro era prefeito e o segundo secretário municipal. Trad e Neto renunciaram aos cargos para disputar o Governo do Estado e uma vaga na Assembleia Legislativa.
O ex-prefeito terminou a disputa em sexto lugar, enquanto o ex-secretário fechou a apuração como primeiro suplente de sua coligação. Mas foi diplomado com a impugnação da candidatura do vereador Tiago Vargas, de Campo Grande, que havia conquistado a única vaga do partido.
Fato é que ambos dão mau exemplo sobre os cuidados que a população deve ter em relação à limpeza de locais abandonados, principalmente
A casa
Na rua onde está localizado o imóvel alugado em nome de Trad, uma empresária de 41 anos disse que ela, o marido e a filha foram infectados pelo mosquito. Descobriram que o ex-comitê do ex-prefeito seria o foco na região, uma vez que a casa estava com mato alto e uma piscina com lodo e água acumulada.
“Nós temos um grupo da rua e começamos a falar da dengue, quando identificamos este sobrado. Lá fora estava um mato alto, enorme, daí nós conseguimos falar com o proprietário e ele disse que, como estava locado, não podia entrar no local, porém, ele fez uma limpeza externa. Mas é bem complicado, uma família inteira pegou dengue”, lamentou a moradora.
Conforme a empresária, após retornar do hospital, onde esteve internada por quatro dias, uma pessoa falou pra ela subir o muro e então ver a situação da piscina, quando ela viu a falta de cuidado. “Agora a casa fica desocupada. A gente vê pouquíssimo ou nenhum movimento. Antes, estava com bastante mato, grama, caramujo, só que cortaram depois da gente reclamar e ainda falta a limpeza na parte interna, por conta do mosquito”, argumentou.
“Nós temos um grupo da rua e começamos a falar da dengue, quando identificamos este sobrado” — Moradora da rua onde fica a casa, que chegou a ficar internada por causa da dengue
Ao saber que o contrato estava em nome do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), a empresária buscou o telefone dele e entrou em contato. “Primeiro falou que não estava mais com ele desde as eleições e depois disse que iria verificar a situação, só que não falou nada nem lamentou o fato de eu ter sido infectada pela dengue. Moro aqui há bastante tempo já e ali antes era um sindicato, só que não tinha problema algum”, comentou a empresária ao Jornal Midiamax.
A reportagem entrou em contato com o proprietário do local. O homem de 53 anos, que não será identificado, disse que o imóvel está na imobiliária. “Existe sim um contrato e, de fato, os vizinhos reclamaram da sujeira, que estava mal cuidado e aí nós fizemos a limpeza. E os atuais inquilinos disseram que esta semana vão sanar o problema interno, entre segunda e terça-feira tudo estará sanado e resolvido”, alegou.
Contrato estendido
O ex-prefeito Marquinhos disse que a locação ocorreu no dia 13 de abril de 2022 por seis meses. “O contrato era de seis meses. Ali se tornou o meu escritório de atendimento, desde que eu saí da prefeitura, então, atendia as pessoas ali. Quando passaram seis meses, como eu não fui para o segundo turno, o contrato terminaria em outubro, só que o deputado eleito Pedro Pedrossian Neto foi até a casa do proprietário e disse ter interesse em ficar com o imóvel. Ele acabou locando e o contrato foi renovado, ainda em meu nome”, afirmou.
Desta forma, o contrato permanece vigente até abril de 2023. “Eu não estava sabendo desta situação. Não sei nem com quem está a chave, mas agora vamos mandar limpar”, disse.
O Jornal Midiamax falou com o deputado Pedro Pedrossian Neto, neste sábado (8). Ele disse que não possui responsabilidade alguma pelo imóvel. “Não está em meu nome. Eu tenho um escritório em outro endereço, realmente houve esse contato com o proprietário da minha parte, mas não foi renovado. Tinha essa possibilidade, mas eu desisti”, concluiu.