CAMPO GRANDE
Falta menos de um ano para o início das eleições municipais de 2024, mas as articulações nos bastidores da política sul-mato-grossense começam a borbulhar. Nomes são especulados em todas as correntes. Direita (bolsonarista ou não), centro e esquerda correm atrás de subsídios para construir pré-candidaturas viáveis nas maiores cidades de Mato Grosso do Sul. Pesquisas qualitativas também começam a ser passadas de mão em mão.
Na Capital, a prefeita Adriane Lopes procura se desvincular da imagem desgastada e raquítica de Marquinhos Trad para a viabilizar sua pré-candidatura à reeleição. A primeira decisão foi trocar de partido. Buscou amparo no PP, partido que se reforçou nos últimos anos com a chegada da ex-ministra e senadora Tereza Cristina, além do deputado federal Dr. Luiz Ovando, entre outros. Embora em construção, Adriane é o único nome certo até o momento na disputa.
Na Capital, a prefeita Adriane Lopes procura se desvincular da imagem desgastada e raquítica de Marquinhos Trad para a viabilizar sua pré-candidatura à reeleição
Surgem ainda especulações sobre quem será o candidato apoiado pela dupla Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, governador e ex-governador, ambos do PSDB. O deputado federal Beto Pereira tem sido anunciado como esse postulante do partido que domina o jogo político há quase dez anos, depois que tomou a hegemonia do MDB de André Puccinelli, do ex-senador Waldemir Moka e da atual ministra Simone Tebet.
Sem densidade eleitoral, Pereira é mais dor de cabeça que solução para o PSDB. Foi prefeito da pequena Terenos, deputado estadual inexpressivo e teve quatro anos apagados em Brasília, no primeiro mandato como deputado federal, e ainda não decolou na legislatura que começou em fevereiro.
A única aparição pública do parlamentar ocorreu em 7 de fevereiro deste ano, quando viajou ao exterior para acompanhar Flamengo e Al Hilal pelas semifinais do Mundial de Clubes, disputado em Marrocos. Para não ficar com faltas e ter os dias descontados do salário, informou à Câmara que viajaria em “missão oficial”.
Outsider, Eduardo Riedel foi eleito governador porque esteve por oito anos com Reinaldo Azambuja, a quem ajudou a elaborar e a implementar medidas de austeridade fiscal, bem como programas para atrair investimento e melhorar o ambiente de negócios. Deu resultado. Tinha o que mostrar: um Estado em constante progresso.
Eduardo Riedel foi eleito governador porque esteve por 8 anos com Reinaldo Azambuja, a quem ajudou a elaborar e a implementar medidas de austeridade fiscal, bem como programas para atrair investimento e melhorar o ambiente de negócios
Em oposição a Adriane Lopes e ao candidato do PSDB, aparecem dois fortes nomes ligados ao bolsonarismo, o do deputado federal mais votado Marcos Pollon, do PL, e do ex-deputado Capitão Contar, do PRTB, derrotado no segundo turno para o Governo do Estado por Eduardo Riedel.
Pollon tem o partido a seu favor, o mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Contar, no entanto, é o pré-candidato com maior densidade eleitoral na disputa pela Prefeitura de Campo Grande. Foi o mais votado na Capital no primeiro turno e obteve mais de 213 mil no segundo turno em 2022.
Quer queira, quer não, levará para a disputa recall da eleição a governador, quando enfrentou fortes candidaturas, como a do ex-governador e ex-prefeito de Campo Grande André Puccinelli, do ex-prefeito Marquinhos Trad e da então deputada federal Rose Modesto, além da petista Giselle Marques.
A pré-candidatura de Contar poderia estar definida não fosse o empecilho justamente do PL, o partido que reúne parte da direita do Estado. Contar vem sofrendo reveses nos últimos anos para se colocar como candidato único da direita bolsonarista. Em 2020, foi traído pelo PSL, à época comandado pelo então deputado federal Loester Trutis, cujo golpe tirou do militar a possibilidade de enfrentar a candidatura populista de Marquinhos Trad. Sem Contar, o PSL indicou a candidato o ex-vereador Vinicius Siqueira, presa fácil para o prefeito da ocasião.
A pré-candidatura de Contar poderia estar definida não fosse o empecilho justamente do PL, o partido que reúne parte da direita do Estado
Ano passado, Capitão Contar chegou a se filiar ao PL com apoio do então presidente Jair Bolsonaro, cujo ato ocorreu em Brasília. O militar, contudo, não durou muito na sigla porque a cúpula estadual tinha outros objetivos, como se aliar a outras candidaturas. Contar era empecilho.
Restou a ele mudar de partido, buscando guarida no nanico PRTB. Saiu candidato, provando que estava certo ao não se render à cúpula do PL em Mato Grosso do Sul. Venceu, surpreendentemente, o primeiro turno e se garantiu no segundo turno. A derrota veio somente nos últimos dias contra Eduardo Riedel. A expectativa para 2024 é a mesma. O PL não irá dar espaço a Capitão Contar, mesmo sendo ele a opção mais viável.
Embora novato na política, o deputado federal Marcos Pollon já manifestou desejo de disputar a Prefeitura de Campo Grande. O processo de diálogo não será fácil. Pollon terá que construir uma base para enfrentar não apenas Adriane Lopes, ou o pré-candidato do governo, como também o bolsonarista Capitão Contar, até o momento, repita-se, o possível pré-candidato com maior densidade eleitoral para chegar a um provável segundo turno na maior cidade do Estado.