CAMPO GRANDE
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), nomeou o delegado Pedro Espíndola de Camargo secretário-adjunto da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio). O policial foi citado na fase de investigação da operação Omertà como integrante do esquema de corrupção dentro da Polícia Civil.
As informações são do portal Primeira Página.
De acordo com a publicação, na época em que o grupo criminoso liderado por Jamil Name e Jamil Name Filho foi revelado pela força-tarefa da Omertà, Pedro era diretor do Departamento de Polícia Especializada, cargo que ocupou por anos.
Ao longo da investigação, continua o site, o nome do delegado apareceu em conversas entre policiais civis envolvidos com a família Name mais de uma vez. Em meio às polêmicas, ele foi removido do cargo em novembro de 2019 – apenas 10 dias da prisão dos envolvidos no esquema criminoso. Logo depois, foi enviado para assessoria de gestão de processo e planejamento da Assessoria de Projetos.
Em março deste ano assumiu a Coordenadoria de Operações do Departamento de Polícia da Capital. No dia 31 de agosto, foi designado para a função de “Atividades de Assistência e Assessoramento Superior”. Agora, assume como secretário-adjunto. A nomeação foi publicada no Diária Oficial de Campo Grande em dia 5 de setembro.
Amigo de Jamilzinho
Além de ser citado ao longo da investigação, a ligação com os Name foi confirmada pelo próprio Jamil Name Filho durante as audiências do processo que analisou ameaças feitas ao delegado Fábio Peró logo após as prisões da primeira fase da operação, em setembro de 2019.
Espíndola também foi acusado de “intimidar” o delegado Carlos Delano depois de uma abordagem a Flávio Correia Jamil Georges, o “Flavinho”, filho de Fahd Jamil, o “Rei da Fronteira”.
A situação foi relevada pelo próprio delegado, durante audiência judicial de outro processo originado da Omertà, em junho de 2021.
No dia, Delano detalhou a abordagem feita em 3 de abril de 2019, consequência de denúncias contra um foragido por homicídio. O alvo era Thyago Machado Abdul Ahad, mas no lugar dele encontrou Flavinho. Nada de ilícito foi encontrado e a equipe voltou a delegacia, logo depois ele recebeu a visita do então diretor.
Espíndola teria orientado que Delano deixasse o cargo. Ele não cedeu, mas logo depois foi removida da titularidade da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios). Com o avanço da Omertà, o delegado voltou a comandar a unidade especializada.
Apesar das citações, Pedro Espíndola nunca figurou como investigado na Omertà e sempre negou qualquer ligação com atividades fora da lei. A reportagem tentou contato com ele e não houve retorno.
Casos recorrentes
A nomeação do profissional sob suspeita se junta a uma série de fatos que ocorreram na gestão de Marquinhos Trad (PSD), entre 2017 e março de 2022, e que tiveram prosseguimento na gestão de Adriane Lopes.
Entre eles, uso da estrutura municipal para nomeações de cabos eleitorais, o que gerou estouro do limite constitucional da folha de pessoal, desvio de finalidade de programa de inclusão social, o Proinc, irregularidades no pagamento de supersalários a secretários e mais recentemente licitação suspeita no valor de R$ 13 milhões.
Por Primeira Página, de Campo Grande