CAMPO GRANDE
Com apenas oito meses no Congresso, o deputado federal Marcos Pollon, presidente regional do PL, já pode se considerar o mais novo “cacique” da política brasileira. Como bom “coronel”, em que toma decisões sozinho sobre a agremiação, Pollon nomeou a esposa Naiane presidente regional do PL Mulher e o irmão, o advogado Gabriel Pollon, presidente do diretório municipal em Campo Grande.
As informações são do jornal Correio do Estado.
Pollon assumiu a direção da legenda no Estado em junho deste ano, até então presidida pelo também deputado federal eleito Rodolfo Nogueira, o “Gordinho do Bolsonaro”. O PL é o partido que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michele.
A prática adotada por Pollon é considerada nepotismo porque os partidos políticos se mantêm graças ao fundo partidário, abastecido com recursos públicos.
De acordo com o Correio do Estado, a intenção do deputado Pollon é indicar o irmão para disputar a Prefeitura de Campo Grande. O objetivo, segundo apurado pelo MS em Brasília, é evitar a entrada do ex-deputado estadual Capitão Contar na agremiação.
O parlamentar sempre enxergou Contar como obstáculo a sua liderança em Mato Grosso do Sul. O militar, contudo, enfrentou resistência para sair candidato pelo próprio PL em 2022, migrou para o nanico PRTB e chegou ao segundo turno da eleição para governador.
Ao Correio, Gabriel Pollon se disse surpreso com a possível indicação para disputar a sucessão da prefeita Adriane Lopes. “Meu irmão [Marcos Pollon] disse que tenho predicados caso assuma a condição de uma eventual candidatura”, afirmou.
Ganhos
Presidentes de partidos, nacional, estadual e municipal, por regra, podem ganhar salários que variam de R$ 20 mil a R$ 40 mil mensais, informa o jornal.
Gabriel Pollon pode receber salário por chefiar o PL municipal. A mulher do parlamentar, também, por assumir o PL Mulher em MS.
A reportagem do Correio do Estado tentou ouvir Gabriel sobre a possibilidade de ele receber salário e ainda comentar sobre a questão de um provável ato de nepotismo no PL de MS.
O agora presidente do PL em Campo Grande, por telefone, disse que estava em “deslocamento” e pediu um tempo para enviar as respostas.
O Correio informa ainda que Gabriel não havia dado retorno até o fechamento do material e que o espaço está aberto para o posicionamento do advogado, irmão do deputado federal Marcos Pollon.
Nepotismo
De acordo com o Correio do Estado, há uma lei em curso, a 715, que proíbe nepotismo nos partidos políticos ao vedar a contratação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o terceiro grau, inclusive dos fundadores e dos dirigentes.
Diz ainda que a regra será válida em instâncias partidárias de âmbito nacional, estadual e municipal, inclusive aquelas ainda em condição provisória. Embora debatida desde 2020, a norma ainda não saiu do lugar, ou seja, permanece no papel.