BRASÍLIA
A senadora Soraya Thronicke (Podemos) volta a polemizar nas redes sociais. Dessa vez, a parlamentar insistiu na tese de que, caso o cigarro eletrônico seja regulamentado no Brasil, o produto deixa de ser tóxico.
Em publicação no Twitter anteontem (30), a parlamentar rebateu reportagem do jornal O Globo sobre os riscos do produto à vida, relatados por um usuário que ficou mais de 40 dias na UTI (ver aqui).
“Eu tive um colapso, meu pulmão parou e aí eu passei a jornada mais cruel da minha vida por conta de um aparelho que hoje eu vejo milhares de pessoas fazendo o uso. Esse aparelho mata, esse aparelho tira vida, não deveria nem estar sendo discutida a possibilidade de ele ser legalizado”, afirmou ao O Globo o farmacêutico Arnaldo Machado, de 47 anos.
A senadora rebateu a publicação: “Não é o aparelho que mata, é o que contém dentro dele. Enquanto não houver regulamentação, teremos essa avalanche de contrabando e de falsificação. Hoje é proibido comercializar, mas não é proibido consumir, então a população está nas mãos de criminosos. Lamentável o que a desinformação a respeito do tema pode causar”.
A tese de Soraya recebeu diversas contestações dos leitores. WCruz reagiu: “Putz, que genial! Basta regulamentar que os produtos falsificados e de contrabando deixam de existir. Como ninguém pensou nisso antes?”.
“Que ótimo, vamos legalizar algo que causa mais malefícios que cigarro, vamos colocar impostos, aumentar o preço para as pessoas comprarem o falsificado de todo jeito. ahh mas estamos arrecadando impostos… E vão estar gastando com políticas públicas e saúde”, ironizou Raísa Bittencourt.
Evelyne Martin foi mais clara: “Não é o revólver que mata, é a bala…”. Ricardo Monteiro foi na mesma linha: “Verdade. Eu tenho uma arma quando coloco bala dentro dela ela pode matar, mas a culpa não é da bala e sim da arma, que foi inventada para esse objetivo, me poupe Senadora”.
O perfil Freud Oficial acusa a senadora de atuar como lobista da indústria tabagista: “Não prega a boa samaritana da indústria tabagista, o lobby é poderoso eim?”
Valéria Felizola afirma que o cigarro comum é regulamentado e nem por isso acabou com o contrabando: “Ô doida, regulamentar não muda nada no contrabando. Por acaso vc vai taxar produto que é vendido por criminosos?? Cigarro é regulamentado e está cheio de contrabando de cigarro. Explica aí!!”.
Críticas médicas
Soraya Thronicke é autora do projeto de lei 5008/2023, que cria regras para produção, comercialização, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos. A matéria não foi bem recebida por entidades médicas do país.
Representantes de quase 50 entidades médicas brasileiras se posicionaram sobre o assunto em maio do ano passado. Em documento encaminhado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as entidades alertam sobre os problemas de saúde que o uso de cigarros eletrônicos pode trazer.
Defendem a importância de se manter a proibição desses produtos quando a Anvisa coleta novas informações técnicas sobre eles.
“Os cigarros eletrônicos não podem reverter décadas de esforços da política de controle do tabaco no Brasil”, diz o documento, apresentado em um evento online que debateu o tema, em maio de 2022.