ANTONIO CARLOS TEIXEIRA (*)
Milionário de 59 anos, o empresário Marcelo Teixeira retorna ao comando do Santos após 14 anos. Entre 1999 e 2009, vigorou no clube a dinastia do Teixeira. Sem regramento, podia-se candidatar a sucessivas reeleições. Sem rivais, Marcelo Teixeira foi ficando, até ser derrotado pelo sociólogo e empresário Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, o LAOR.
No período em que presidiu o clube (sem contar a primeira gestão entre 1991 e 1993), Teixeira conquistou títulos importantes com o Santos: bicampeão Brasileiro em 2002 e 2004, bicampeão Paulista em 2006 e 2007. Foi também vice Brasileiro em 2003 e 2007, além de vice da Libertadores em 2003.
Com expressivos 4.762 votos, conquistados no sábado (9/12), Marcelo Teixeira terá grande desafio pela frente: disputar a Série B de 2024, situação nunca enfrentada pelo clube de Pelé e cia. E, obviamente, com a obrigação de retornar à elite nacional já no ano seguinte, em 2025.
A Marcelo Teixeira ou a qualquer candidato que fosse eleito para substituir Andrés Rueda — o pior presidente da história do Santos, que assumiu o clube sem conhecer sua história, apoiado pela grande maioria dos sócios e todo tipo de gente — não era dado o direito de errar. Não há outro caminho a não ser acertar em 90% das decisões, dentro ou fora de campo.
Para ter sucesso à frente do Santos, o futuro presidente tem de abandonar o que passou. Se insistir em andar de mãos dadas com o passado, naufragará. O futebol mudou muito, principalmente fora das quatro linhas. A competição não está somente nos gramados, mas nos bastidores, na busca por jogadores bons e baratos.
Para ter sucesso à frente do Santos, o futuro presidente tem de abandonar o que passou. Se insistir em andar de mãos dadas com o passado, naufragará
Se não há tempo ou espaço para erros, Marcelo Teixeira tem de começar a montagem do time para disputar o Campeonato Paulista e a Série B por uma nova comissão técnica. Fator sine qua non. Por alguns dias, comentou-se que, caso ele fosse eleito, havia possibilidade do técnico Marcelo Fernandes e demais membros da comissão continuarem.
Não dá para negociar: o corte tem que ser radical, de cabo a rabo, inclusive Arzul, o treinador de goleiros que tem formado discípulos com deficiências, incompletos tecnicamente.
Se insistir na manutenção da comissão técnica que levou o Santos ao inédito rebaixamento, Marcelo Teixeira cometerá o maior erro como dirigente de futebol. A torcida não aceitará e, na primeira derrota, o mundo cairá sobre todos na Vila Belmiro, que poderá estar demolida para obras. Assim esperamos.
No elenco, as escolhas têm que ser feitas com muito critério. Jogador caro e preguiçoso, como o inútil lateral Dodô, o meia Lucas Lima e o atacante Marcos Leonardo não podem vestir mais a camisa do Santos.
O jovem atacante tem propostas do exterior, mas isso não significa que o Santos deve abrir as pernas e vendê-lo por menos de 25 milhões de euros. Nos últimos três anos, o Santos se tornou a mãe de clubes europeus, oferecendo matéria-prima de qualidade em troca de espelhos, pentes e outras quinquilharias.
Andrés Rueda, o desgraçado, uniu-se ao famigerado empresário Giuliano Bertolucci para entregar nossas joias por quantias irrisórias. Ao mesmo tempo, pagou-se comissões milionárias. Como se isso fosse pouco, a dupla levou para dentro do clube dezenas de jogadores nível Série C.
Nos últimos três anos, o Santos se tornou a mãe de clubes europeus, oferecendo matéria-prima de qualidade em troca de espelhos, pentes e outras quinquilharias
A reformulação do elenco deve passar, primordialmente, pela saída de João Paulo. Qualquer time do Santos para 2024 não pode começar com JP. Já deu. Goleiro com muitos defeitos e poucas virtudes, como a agilidade em bolas rápidas. E só.
Devem sair, obrigatoriamente, o goleiro Vladimir, os laterais João Lucas e Dodô; os meias Rodrigo Fernández, Camacho e Lucas Lima e os atacantes Mendonza e Lucas Braga. Os dois últimos podem ser usados como moeda de troca, pois têm mercado. Além, claro, de Gabriel Inocêncio, Junior Caiçara, Luan Dias e Mezenga.
Os demais devem ser chamados para renegociar possível redução salarial com vistas à disputa da Série B, onde o faturamento despenca em relação à Série A. Inviável também a permanência de Morelos, cujo salário se aproxima de R$ 1 milhão.
A reformulação do elenco deve passar, primordialmente, pela saída do goleiro João Paulo. Qualquer time do Santos para 2024 não pode começar com JP
A espinha dorsal deve permanecer: Joaquim, Messias, Basso, Jair, Kevyson, Felipe Jonathan, Rincón, Dodi (estranhamente caiu de produção, quando era o melhor jogador com Odair Hellmann), Jean Lucas, Pituca (que está retornando), Nonato, Soteldo, Furch, Wesley Patati e Maxi Silvera. Desses, daria prioridade a Joaquim, Basso, Rincón, Soteldo e Furch, além dos meninos citados.
Evidentemente que vão surgir interesses por alguns atletas, como Joaquim, Jean Lucas, Rincón, Lucas Braga, Mendonza e Soteldo. Aí que entra a figura do bom gestor para exigir valores condizentes com a qualidade dos jogadores. O período de doação de atletas do clube terminou com a tragédia do rebaixamento.
Sobre técnicos, vejo como nome ideal para o Santos em 2024 o do português Armando Evangelista, 50 anos, que só não manteve o Goiás na Série A porque não tinha elenco igual ao do Santos.
Treinador equilibrado pessoal e profissionalmente, cujas equipes jogam de forma compacta, tanto dentro quanto fora de casa. Evangelista fez história no futebol português ao levar o modesto Arouca ao quinto lugar do campeonato, garantindo vaga pela primeira vez na Uefa Conference League.
Sobre técnicos, vejo como nome ideal para o Santos em 2024 o do português Armando Evangelista, 50 anos, que só não manteve o Goiás na Série A porque não tinha elenco igual ao do Santos
A segunda opção para o comando técnico seria o também português António Oliveira, atual técnico do Cuiabá, que já trabalhou no Santos em 2020 como auxiliar de Jesualdo Ferreira. Santos não pode aceitar menos que isso.
Os reforços têm que ser pontuais porque o Santos não se pode dar ao luxo de jogar dinheiro fora, como fez nos últimos três anos. O estoque de erros esgotou-se.
Eis as sugestões:
Goleiros
. Gabriel, do Coritiba;
. Fernando Miguel, ex-Fortaleza
Laterais direito
. Natanael, do Coritiba; ou
. Maguinho, do Goiás;
Lateral esquerdo
. Não há necessidade. O elenco terá Kevyson e o retorno de Felipe Jonathan;
Zagueiro
. A necessidade de reposição só ocorrerá se Joaquim for vendido. Nesse caso, proporia:
. Ricardo, do América-MG;
. Gil, ex-Corinthians, por uma temporada;
Volante ou ‘segundo’ volante
. Jailson, ex-Palmeiras – não fica no clube e tem contrato até dia 31
. Juninho, do América;
. Alex Santana, Athletico-PR
Meia
. Guilherme, do Goiás;
. Hyoran, do Atlético-MG, cujo contrato termina no próximo dia 31.
Atacantes
Em relação a atacantes, buscar reposição se houver a saída de Marcos Leonardo, Soteldo e Mendonza.
(*) Torcedor do Santos, jornalista, assessor na Receita Federal, pós-graduado em Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e especializando-se em Criptoativos – Rastreamento, Ilícitos Criminais e Tributários (RFB).
Observação do autor: Deixou de ser sócio do Santos em 2020, após o afastamento criminoso e político, sem crime e sem culpa, do então presidente José Carlos Peres, mas retornará ao quadro de associado ainda em 2023.
Twitter: @actbrasilia