EDITORIAL
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), fez carreira na iniciativa privada antes de ser chamado para compor o primeiro governo de Reinaldo Azambuja (PSDB), iniciado em janeiro de 2015. Passou sete anos com Azambuja, período em que o ajudou a baixar medidas e a criar programas a fim de dar rumo a um Estado que era considerado “patinho feio” das unidades da federação.
Foram tomadas medidas drásticas, especialmente, entre 2015 e 2020. Os efeitos positivos não demoraram a surgir. Mato Grosso do Sul passou a se posicionar entre os dez estados mais competitivos ao atrair grandes grupos empresariais para a região.
E o mais importante: conseguiu equilibrar as contas públicas, gastando-se apenas o que podia. Sobrou dinheiro para dar aumento ao funcionalismo, reestruturar carreiras, investir em infraestrutura e mais recursos para programas sociais, melhorando a situação de vida de famílias carentes.
E o mais importante: conseguiu equilibrar as contas públicas, gastando-se apenas o que podia
Os anos se passaram e chegou o momento de Azambuja deixar o governo, após dois mandatos consecutivos. Escolheu Riedel para sucedê-lo, candidatura abraçada, principalmente, por setores produtivos, devido à ligação dele com a agricultura e a pecuária estadual.
Eleito governador em 2022, após disputa apertada com o ex-deputado estadual Capitão Contar, do nanico PRTB, Eduardo Riedel assumiu o lugar de Reinaldo Azambuja em janeiro de 2023 e não teve medo de tomar decisões e baixar medidas, assumidas durante a campanha eleitoral. Uma delas era reduzir a carga de impostos sobre a população.
Mas, dois fatos ocorridos no final deste ano, deram clara demonstração de que a cabeça do gestor da iniciativa está cada vez mais presente em Riedel. Foram duas situações graves em que o governador teve de cortar a própria carne para resguardar a imagem do Estado.
Foram duas situações graves em que o governador teve de cortar a própria carne para resguardar a imagem do Estado
O primeiro, envolveu a prisão de servidores estaduais por suposto esquema de desvio de dinheiro de licitações realizadas para as áreas de Saúde e Educação. Entre eles dois secretários-adjuntos.
O segundo caso – e mais chocante do ponto de vista emocional – teve a participação de servidor da Casa Civil, com assento na sala de estar do governador. Na manhã de sábado (9/12), o jornalista Guilherme Pimentel, 30 anos, atropelou e matou uma mulher e deixou o companheiro dela em estado grave no hospital.
De acordo com a polícia, o profissional estava embriagado e avançou o sinal fechado, em veículo oficial, atingindo em cheio o casal que estava se dirigindo para o trabalho, transportado por uma frágil moto Biz.
Em ambos os casos, Eduardo Riedel não esperou nem dois dias para tomar decisão. No primeiro, demitiu todos os envolvidos e deixou a polícia e o Ministério Público à vontade para aprofundar as investigações. No segundo caso, esperou apenas chegar a um dia útil para também publicar ato de demissão do jornalista.
Em ambos os casos, Eduardo Riedel não esperou nem dois dias para tomar decisão
Sabe-se que o governador não tomou tais medidas com sorriso no rosto, ou mesmo para se promover diante de situações complicadas para um gestor. Riedel o fez porque era a medida certa. Soube-se que ele sentiu demais a ocorrência dos dois casos — envergonhado por um e sensibilizado por outro — mas preferiu cortar a própria carne.
Pôs à vista da sociedade decisões sem porém para proteger algo maior, que é o Estado de Mato Grosso do Sul. Institucionalmente, cumpriu o papel de gestor. Os dois casos — lamentáveis e tristes — estão sendo cuidados pelas esferas devidas. Sem cordão umbilical entre Estado e réus, como deve ser.