CAMPO GRANDE | BRASÍLIA
Deputados federais e deputados estaduais de Mato Grosso do Sul que assumiram o cargo pela primeira vez em fevereiro de 2023 se saíram bem no primeiro ano de mandato.
Pelo menos em relação aos gastos com recursos da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), mantidos pela Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do Estado (ALMS).
Levantamento feito pelo MS em Brasília revela que oito parlamentares — cinco estaduais e três federais — torraram R$ 3.639.859,98 em 11 meses de mandatos, cujo período vai de fevereiro a dezembro.
Coincidentemente, os dois novatos que mais gastaram no primeiro ano de mandato são críticos ácidos quando se opõem a alguma medida ou projeto. São os casos do deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) e da deputada federal Camila Jara (PT).
Ambos rasparam a cota destinada a eles entre fevereiro e dezembro do ano passado. Com forte discurso sobre ética, moralidade e responsabilidade das ações públicas, o estreante Rafael Tavares torrou R$ 505.935,92 dos cerca de R$ 506 mil disponíveis. Somente em consultorias foram R$ 391 mil.
Tavares é o que mais gastou recursos públicos em 2023, proporcionalmente, entre os 35 parlamentares de Mato Grosso do Sul (ver aqui). Enquanto os políticos reeleitos puderam utilizar a cota de janeiro a dezembro, estreantes tiveram apenas 11 meses.
Rafael Tavares é o que mais gastou recursos públicos em 2023, proporcionalmente, entre os 35 parlamentares de Mato Grosso do Sul
A petista Camila Jara, que teve ascensão política extraordinária, de vereadora em Campo Grande para deputada federal, é a segunda com as maiores despesas pagas pelo contribuinte. Foram R$ 495.063,83 torrados em 11 meses, valor que pode aumentar quando a prestação de contas de dezembro for finalizada.
Desse montante, Jara utilizou pelo menos R$ 300 mil em consultoria e divulgação da atividade parlamentar. Pagou R$ 114 mil a Everson Viana Tavares Studio Fotográfico entre fevereiro e julho, mas incluiu os pagamentos mensais de R$ 19 mil no item “manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar”, o que é um equívoco.
O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), ex-secretário de Finanças e Planejamento de Campo Grande por cinco anos, nas gestões do então prefeito Marquinhos Trad (PSD), tem o terceiro maior gasto. Neto utilizou R$ 482.854,92, dos quais R$ 282 mil em consultoria e divulgação da atividade parlamentar.
Camila Jara é a segunda com as maiores despesas pagas pelo contribuinte
Despesas similares
O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), o “Gordinho do Bolsonaro”, também entendeu os caminhos para gastar dinheiro público. Em 2023, utilizou R$ 473.105,30, a maior parte em consultoria e divulgação, despesas comuns nas prestações de contas dos parlamentares, sejam eles federais ou estaduais.
O deputado estadual João César Mattogrosso (PSDB) gastou R$ 470.485,90, despesas semelhantes às da colega de Casa e de partido Lia Nogueira, cujos gastos entre fevereiro e dezembro somaram R$ 465.671,53.
Outro que aprendeu rapidamente a gastar recursos da CEAP é o deputado federal Marcos Pollon (PL). Foram R$ 387.330,90 entre fevereiro e dezembro, cujo mês ainda não está totalmente fechado em relação a esse parlamentar.
O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) também entendeu os caminhos para gastar dinheiro público. Utilizou R$ 473.105,30 no ano passado
A deputada estadual Gleice Jane Barbosa, do PT, é a que menos gastou recursos da CEAP entre os sete novatos: R$ 359.411,68. A petista, contudo, assumiu o mandato em abril de 2023 em razão da morte do deputado Amarildo Cruz. Gleice teve “apenas” nove meses de recursos públicos para gastar, média de R$ 40 mil.
Outro lado
O MS em Brasília esclarece que não ouve os parlamentares citados na reportagem porque os dados são extraídos de bancos de dados oficiais, cujos portais de transparência são alimentados pela Câmara dos Deputados e pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, além do Senado, quando o material se referir a senadores.