BRASÍLIA
Vinte partidos com representação na Câmara dos Deputados gastaram R$ 222 milhões da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) em 2023, revela levantamento feito pelo MS em Brasília em parceria com o Diário do Poder, no Portal Transparência da Casa.
Essa fortuna foi torrada por 567 parlamentares que, em algum momento, como eleitos ou suplentes, entraram em exercício no ano passado. A média de despesa, no geral, atingiu R$ 391.153.43.
As médias de gastos podem apresentar pequenas distorções porque determinado deputado pode ter entrado em exercício, mas não ter utilizado o “cotão”.
É o caso, por exemplo, do Rede. A legenda tem dois deputados eleitos, mas apenas Túlio Gadêlha (PE) utilizou a cota. Marina Silva (SP) tomou posse, mas está licenciada do cargo por ter sido nomeada ministra do governo Lula (PT).
Fortuna de R$ 222 milhões foi torrada por 567 parlamentares, eleitos ou suplentes, em 2023
Os recursos do “cotão” custeiam despesas com manutenção de escritórios nos estados, pagamento de água, luz, internet e até TV a cabo, além de divulgação da atividade parlamentar e consultorias. Podem também bancar aluguel de veículos, combustível e hospedagem.
Venha a nós…
As maiores medias de despesas foram feitas por membros do PCdoB (ver ranking abaixo), partido que prega a distribuição de riqueza entre os pobres. Cada um dos sete comunistas torrou R$ 474.500,42, totalizando R$ 3.321.503,00.
Esse valor é tão significativo que o segundo colocado, o PSDB, teve gastos de R$ 20 mil a menos por deputado. A média de cada tucano foi de R$ 453.990,07. Os deputados do PV aparecem na terceira colocação, com gastos de R$ 445.699,33 cada um.
A bancada do PDT ficou em quarto lugar. Cada um dos 20 pedetistas gastou R$ 427.579,35, seguidos dos petistas, cuja média atingiu R$ 424.784,10. A sigla conta com 74 deputados.
Já o Novo teve o menor gasto, proporcionalmente. Cada um dos três deputados da sigla utilizou R$ 141.564,66, totalizando R$ 424.694,71. Esses números mostram que o gasto de cada parlamentar do PCdoB corresponde ao de três do Novo.
Se, por exemplo, todos os representantes dos partidos na Câmara seguissem a média de gastos do Novo, as despesas totais com a CEAP teriam chegado a R$ 80,2 milhões — 2,7 vezes menos que o efetivamente torrado em 2023.
Gasto de cada parlamentar do PCdoB corresponde ao de três do Novo
Ao mesmo tempo, se todas as bancadas gastassem a média dos deputados do PCdoB, o valor da CEAP torrado ano passado alcançaria R$ 270 milhões.
Grandes valores
Em relação a valores absolutos, as grandes bancadas apresentam os maiores gastos (ver lista abaixo). A liderança é do PL, o maior partido da Câmara dos Deputados. Foram R$ 39.877.019,92. Em segundo, aparece o PT, cujas despesas em 2023 somaram R$ 31.434.024,13.
O terceiro maior gasto absoluto ficou com o União Brasil, com despesas de R$ 26.608.069,69, enquanto a bancada do PP gastou R$ 22.127.086,89. Republicanos completa o top 5, com uso de R$ 18.887.611,58.
A maioria dos partidos concentrou os gastos com a CEAP na divulgação da atividade parlamentar. Dos R$ 222 milhões utilizados, mais de R$ 82 milhões (37%) foram destinados para promoção pessoal de deputados.
Gastos individuais
Em relação aos maiores gastos individuais, Acácio Favacho (MDB-AP) foi o que mais gastou: R$ 587 mil. É seguido de perto por João Maia (PP-RN), com despesas de R$ 582 mil; Silvia Cristina (PL-RR), R$ 581 mil; e Luizianne Lins (PT-CE), cujos gastos somaram R$ 580 mil. Completam a lista Moses Rodrigues (União-CE), que utilizou R$ 574 mil, e Beto Pereira, R$ 573 mil (PSDB-MS).