COLUNA VAPT-VUPT
Réu em pelo menos três processos, o ex-deputado federal Loester Trutis e sua esposa, Raquelle Lisboa Alves, ambos do PL, reapareceram nas redes sociais na semana passada. Como não “dão ponto sem nó”, tem a ver com a proximidade das eleições, além da mudança no comando do PL em Campo Grande.
O MS em Brasília apurou que o novo presidente do diretório na Capital, tenente Aparecido Andrade Portela, primeiro suplente da senadora Tereza Cristina (PP), tem relação próxima com Loester Trutis. Ambos têm gosto por armamentos. Trutis o tem como ‘consultor’ nessa área.
Além da dupla, a situação do deputado estadual Neno Razuk tem causado preocupação ao partido em Mato Grosso do Sul. O parlamentar é apontado como chefe de quadrilha que tentava assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande (ver aqui).
Dentro do PL, há desconforto com a presença do casal Trutis e de Razuk nas fileiras partidárias. Membros com poder de decisão e influência temem que o histórico desses políticos prejudique a imagem da agremiação que abriga o ex-presidente. É preciso — dizem — blindar Bolsonaro.
Dentro do PL, há desconforto com a presença do casal Trutis e de Razuk nas fileiras partidárias
Trutis é o chamado “limpa-banco”, expressão utilizada para definir figuras inconvenientes, que fazem as pessoas se levantarem quando chegam, ou se aproximam (ver aqui).
Mestre em estupidez, o ex-parlamentar colecionou dezenas de fatos em quatro anos de mandato (ver aqui, aqui, aqui e aqui). O maior deles virou, literalmente, caso de polícia: o suposto atentado, em fevereiro de 2020, que mobilizou autoridades federais em decorrência do foro privilegiado do então deputado (ver aqui e aqui).
Além dessa acusação, Trutis é réu por porte e posse ilegal de pistolas e fuzil (ver aqui). Responde ainda processo movido pelo delegado de Polícia Federal Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, com base na Lei de Imprensa, por ofensas graves ao seu trabalho (ver aqui e aqui).
A ação sobre o atentado começou a ser julgada pelo Supremo em 2022, mas, em fevereiro do ano passado, foi encaminhada ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O então deputado perdera o foro devido à derrota na tentativa de ser reeleito (ver aqui).
O processo aqui tramita em segredo de justiça. Pode-se afirmar que se trata de aberração jurídica, uma vez que na Corte Suprema o caso era público. O status ‘sigiloso’ do TJ-MS contraria entendimento do STF, segundo o qual é preciso dar ampla transparência aos atos processuais (ver aqui).
Mestre em estupidez, o ex-parlamentar colecionou dezenas de fatos em quatro anos de mandato
Fontes jurídicas consultadas pelo MS em Brasília entendem que são mínimas as chances de Loester Trutis escapar de condenação pelas acusações de comunicação falsa de crime, dano, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e disparo de arma de fogo.
No curso da ação, o parlamentar não conseguiu provar inocência, diante de um conjunto de provas “contundentes”, produzido pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul. A denúncia foi aceita pelo STF por 11 a 0 (ver aqui).
Já a brasiliense Raquelle se passou por “coordenadora de projetos do Governo federal” antes das eleições de 2022, situação negada à época pelo próprio governo (ver aqui). Foi acusada ainda de usar politicamente mães de crianças com deficiência física e intelectual nas eleições de 2022 (ver aqui).
No curso da ação, Trutis não conseguiu provar inocência, diante de um conjunto de provas “contundentes”, produzido pela Polícia Federal de MS
O casal, segundo denúncia, anunciou a criação de um centro de apoio a essas mães, com assistência jurídica, apoio de profissionais da área de saúde, como psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas (ver aqui).
A ideia nunca saiu do papel, mas Raquelle construiu narrativa falsa, gravou vídeo mostrando resultados que, segundo as mães, eram mentirosos, e o espalhou na campanha de Trutis e a dela própria para deputada estadual (ver aqui).
Sabe-se também que o PL irá cuidar melhor dos recursos do fundão em 2024 para evitar a repetição de favorecimento na distribuição do dinheiro, que é público. Em 2022, sob a presidência do atual deputado Rodolfo Nogueira, a agremiação destinou R$ 1 milhão a Trutis e R$ 1 milhão à Raquelle.
O valor entregue por Nogueira à mulher de Trutis foi mais de três vezes superior ao liberado aos deputados eleitos Coronel David, Neno Razuk e João Henrique Catan. Cada um recebeu R$ 300 mil do partido.
Raquelle foi acusada de usar politicamente mães de crianças com deficiência física e intelectual nas eleições de 2022
Partidos políticos têm de enfrentar suas próprias fraquezas para se projetar perante a sociedade. No caso do PL, elas estão expostas: um casal “limpa-banco”, com trajetória nebulosa (ver aqui, aqui, aqui e aqui), e um deputado estadual “bicheiro” célebre (ver aqui).
Para agremiação política que almeja liderar a direita em Mato Grosso do Sul, faz-se necessário cortar a própria carne para que seja conhecida por quadros políticos qualificados e idôneos, livres de cambalachos e de demandas judiciais.
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público