CAMPO GRANDE
Presidente estadual do MDB, o ex-senador Waldemir Moka afirmou ontem (19) que está descartada a filiação do ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) ao partido. Em nota distribuída à imprensa no final da tarde de terça-feira, Moka disse que não existe nem haverá conversa com Trad.
“Não há qualquer conversa iniciada com o senhor Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande, sobre seu possível retorno ao MDB, cuja possibilidade está descartada. Trata-se de meras conjecturas usando indevidamente o nome do MDB”, declarou o dirigente.
A notícia sobre as possíveis conversas com o MDB foi divulgada pelo site Investiga MS. Sob o título “Marquinhos pode retornar ao MDB se não fechar filiação no União Brasil”, a matéria diz: “Caso não encontre espaço no União, Marquinhos pode voltar ao antigo partido, o MDB, e pelas mãos de André Puccinelli, antigo desafeto…”
Em seguida, o site acrescenta: “A reportagem apurou que Marquinhos já recebeu sinal positivo de Puccinelli para o retorno, que pode acontecer nos próximos dias. Eles ainda se reunirão para acertar os detalhes da volta”.
Trad tem encontrado portas fechadas em diversos partidos, após praticamente ficar sozinho no PSD de Campo Grande, com a debandada de vereadores da legenda. Há expectativa de que o político assine ficha no União Brasil, partido da titular da Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste, Rose Modesto.
De perfil feminista, Rose foi adversária de Trad na eleição em Campo Grande em 2016 e no Governo do Estado em 2022. Sem espaço fora do atual partido, a tendência é que Marquinhos continue no PSD, na companhia dos irmãos Nelsinho e Fábio, além do seu ex-secretário, o deputado estadual Pedrossian Neto.
Enxurrada de denúncias
Em 2022, durante a campanha eleitoral, o ex-prefeito foi acusado de diversos crimes sexuais, cuja investigação foi suspensa por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Embora o processo esteja parado, as acusações tiveram grande impacto na carreira de Trad.
Diálogos obtidos pela polícia durante as investigações e divulgados pela imprensa e nas redes sociais mostram a forma como Marquinhos abordava as vítimas, até mesmo mulheres casadas (ver aqui). Um dos encontros teria ocorrido no gabinete do então prefeito.
O ex-prefeito também foi acusado de usar o programa de inclusão social (Proinc) para dar salário a cabos eleitorais, além de inchar a folha de pagamento com a contratação de milhares de comissionados. O Proinc foi criado para dar assistência a pessoas em situação social vulnerável.
Em 2023, Marquinhos teve seu nome envolvido na Operação Cascalhos de Areia, que investigou o desvio de R$ 300 milhões para serviços de tapa-buracos e recuperação de ruas em Campo Grande (ver aqui).
Parte dos recursos, segundo o Ministério Público Estadual, seria utilizada na compra de imóveis para Marquinhos Trad (ver aqui). O esquema era comandado por André Luiz dos Santos, o André Patrola, conhecido como “empreiteiro de Trad”.