EMANUEL ALMEIDA, DE BRASÍLIA
O PSDB começa a semana em Brasília com apenas 1 senador e 13 deputados federais no Congresso. A situação é inusitada por se tratar das principais siglas partidárias do país, com bancadas expressivas nas Câmaras Alta e Baixa, vários governadores e centenas de prefeitos nas últimas décadas.
Nesta terça-feira (26) à noite, o senador Izalci Lucas (DF) troca o PSDB pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o único senador da legenda será Plínio Valério (AM). O partido fecha a semana, ao lado do NOVO, como as bancadas menos expressivas da Casa Alta.
Além disso, os tucanos têm apenas três governadores: Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul; Raquel Lyra, no Pernambuco; e Eduardo Riedel, em Mato Grosso do Sul.
Ao mesmo tempo em que agoniza no cenário nacional, sem perspectivas de reverter o quadro tão cedo, em Mato Grosso do Sul o partido tem estado na ponta das disputas políticas desde 2014.
Ao mesmo tempo em que agoniza no cenário nacional, em MS o partido tem estado na ponta das disputas políticas
A legenda controla cargos eletivos do mais alto ao mais simples: governador, prefeitos de 50 cidades, vice em outras 18, além de três deputados federais, seis deputados estaduais e centenas de vereadores.
Além desses, o PSDB tem outros números invejáveis. É o único partido com diretório estruturado nos 79 municípios sul-mato-grossenses, o que explica a supremacia sobre os rivais MDB, PP e PT.
A redenção
Mas, antes de começar a reinar por quase uma década na política estadual, o PSDB precisou cortar o cordão umbilical que o unia ao MDB. Por vários anos, a sigla esteve a tiracolo de candidaturas emedebistas. Em 2014, os tucanos viram a chance de começar a alçar voos próprios.
Aproveitaram o fracasso da candidatura do ex-prefeito de Campo Grande Nelsinho Trad ao Governo pelo MDB para conquistar o apoio da legenda no segundo turno contra o petista Delcídio do Amaral. Reinaldo Azambuja foi eleito, depois de largar entre os últimos na disputa pelo Governo.
Mas, antes de começar a reinar por quase uma década na política, o PSDB precisou cortar o cordão umbilical que o unia ao MDB
Mais do que o cargo de governador, começava ali a dinastia tucana no Estado. Quatro anos depois, em 2018, Reinaldo foi reeleito, dessa vez contra o MDB, que decidiu apoiar o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT) no segundo turno.
Concluído o segundo mandato, com índice de aprovação popular altíssimo, Reinaldo Azambuja teve autonomia e tranquilidade para escolher seu sucessor.
A exemplo do que ocorreu com Reinaldo em 2014, Eduardo Riedel começou a disputa em 2022 entre os últimos nas pesquisas eleitorais. No entanto, o até então outsider político chegou ao segundo turno e, depois de disputa até as últimas horas, venceu o bolsonarista Capitão Contar, do nanico PRTB.
Mais mandatos
Sem adversários, por enquanto, Riedel parece ter caminho tranquilo para reeleição em 2026, embora isso seja assunto proibido no Parque dos Poderes em decorrência do longo período que falta para o início das discussões sobre um novo mandato.
O PSDB, com isso, concluiria ciclo de 16 anos no poder, repetindo gestões no Estado de São Paulo, nos tempos áureos do partido. Há ainda a possibilidade de Eduardo Riedel fazer seu sucessor, ampliando a hegemonia por mais quatro ou até oito anos.
Há ainda a possibilidade de Eduardo Riedel fazer seu sucessor, ampliando a hegemonia por mais quatro ou até oito anos
A dinastia tucana no Estado se estende para a maioria dos 79 municípios. O PSDB comanda 50 prefeituras e têm outros 18 vice-prefeitos. Na prática, a sigla controla 68 municípios, ou 86% do total de cidades.
Na Assembleia Legislativa, conta com seis deputados estaduais, ou 25% da bancada de 24 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, são três tucanos de MS – Beto Pereira, Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende. O Senado é o único parlamento onde o PSDB de Mato Grosso do Sul não conta com representante.
Campo Grande
Embora tenha o domínio da política estadual, o PSDB ainda não administrou Campo Grande. Quando foi prefeito da capital pela segunda vez entre 1989-1992, Lúdio Coelho era filiado ao PTB. Em seguida, elegeu-se senador pelo PSDB.
Embora tenha o domínio da política estadual, o PSDB ainda não administrou Campo Grande
Com isso, há desejo entre os tucanos para que a agremiação administre ao mesmo tempo Estado e Prefeitura de Campo Grande, fato que só ocorreu com o MDB, após a redemocratização do país, que teve André Puccinelli governador e Nelsinho Trad prefeito entre 2007 e 2012.