CAMPO GRANDE
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Campo Grande nesta sexta-feira (12) teve plateia selecionada, distanciamento do povo, boicote dos produtores rurais e discurso sem conexão com a realidade.
É a primeira visita de Lula a Mato Grosso do Sul desde 2014. Entre os compromissos, o presidente acompanhou o embarque do primeiro carregamento de carne bovina para China, exportado pelo Frigorífico JBS.
A cerimônia contou com a participação do governador Eduardo Riedel (PSDB), da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro e do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao.
A plateia foi formada basicamente por políticos, como deputados federais e estaduais, vereadores e secretários estaduais e municipais, e funcionários do frigorífico.
As principais entidades dos produtores, como Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul) não mandaram representantes ao evento.
O boicote se deu em represália às declarações de Lula contra o setor produtivo nacional, ao qual chamou de “fascista” e “mau-caráter” em algumas ocasiões.
Longe do povo
Lula desembarcou na Base Aérea de Campo Grande e de lá seguiu para o frigorífico da JBS, que fica próximo ao Aeroporto de Campo Grande.
Batedores abriram caminho para a comitiva presidencial. O trecho próximo ao frigorífico foi totalmente interditado para o presidente passar e entrar na unidade. Na volta, foi adotado o mesmo procedimento para garantir a segurança.
A passagem de Lula por Campo Grande também movimentou Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e Exército.
“Proibir a mentira”
O presidente Lula surpreendeu os convidados ao declarar que, se pudesse, decretaria o fim da mentira. Lula relembrou visita de comitiva chinesa ao Brasil, em 2018, para inspecionar o frigorífico onde estava.
“Eu estava preso na Polícia Federal, estava preso pela maior mentira contada nesse país, que a história se encarregará de contar”, afirmou, em referência à Operação Lava Jato, considerada uma das maiores na história do país.
“Se pudesse, ia fazer um decreto: é proibido mentir. Quem mentir vai ser preso, porque a gente não pode viver subordinado à mentira, maldade, intriga”, disse, arrancando risos discretos de alguns presentes.
Lula já declarou que mente em algumas situações, principalmente no exterior, onde, segundo ele, as pessoas não conhecem números e dados sobre a realidade brasileira.