POR ANTONIO CARLOS TEIXEIRA (*)
Que período triste da nossa história! Depois do rebaixamento inédito em 112 anos de criação — graças ao desgraçado Andrés Rueda — nesse sábado o torcedor do Santos presenciou, certamente, a pior apresentação das últimas décadas.
A falta de brio do time ficou demonstrada desde o primeiro minuto. Eles têm o privilégio de vestir a camisa do Santos — quer queiram ou não, a mais pesada do futebol brasileiro diante do mundo. O que se viu em Manaus merece reuniões entre comando do clube, comissão técnica e jogadores.
O Santos foi dominado completamente pelo fraquíssimo Amazonas, treinado pelo esbaforido Adilson Batista. Carille permaneceu o primeiro tempo inteiro prostrado à beira do campo, sem abrir a boca. Qualquer técnico que percebesse a indiferença da equipe em campo teria soltado fogo pelas ventas.
Depois de primeiro tempo medíocre — sem demonstrar que se tratava de time que briga para subir de divisão — o Santos voltou pior. As alterações feitas por Carille foram, digamos, esdrúxulas. Sacou JP Chermont, quando quem deveria ter saído era Escobar, que é mais um terceiro zagueiro do que lateral.
Qualquer técnico que percebesse a indiferença da equipe em campo teria soltado fogo pelas ventas
Quando houve especulação sobre o nome do argentino, corri atrás de informações e soube que o atleta tem um gol e duas assistências em toda a carreira. Defende bem, mas é nulo ofensivamente. É, portanto, desprovido de qualidades para a posição.
Já que precisava empatar e virar a partida, por que Carille deixou no banco o melhor lateral do Campeonato Paulista? Time sem criatividade, sem variações de jogadas, estático, preguiçoso, indolente. Limitou-se a trocar passes com lentidão, sem agressividade. Vergonha tática.
O Amazonas parecia um time de Champions League contra um de Série B no Brasil. A falta de brio da equipe esteve à vista de todos. Não estava nem aí para lances polêmicos. O árbitro tomou conta da partida. O gol deles nasceu de uma falta a nosso favor no meio de campo. Não apareceu um dos 11 para pressionar por avaliação do VAR. Sem pressão, arbitragem e VAR deitam e rolam no Brasil.
O Santos parecia um gnu diante de leões famintos. Por que o garoto Miguel não tem chances? Teria desempenho pior que Giuliano, boa pessoa, mas que está caindo aos pedaços em campo? Até Pituca foi um capitão ausente em campo. Carille armou o time muito mal e na hora de mudar parece ter dobrado a aposta: piorou o que já era muito ruim.
O Amazonas parecia um time de Champions League contra um time de Série B no Brasil
Chega de humilhações!
Presidente Marcelo Teixeira tem que sair do trono de Rei de Santos e colocar a limpo o que ocorreu contra o Amazonas. Se não, ele também entrará para a história por não levar o Santos de volta à Série A, depois de ter sido um dos avalistas da destrutiva gestão de Andrés Rueda.
O Santos não pode depender de atletas que estão se lixando para a história do clube. Até quando Morelos terá chances? Experimente um poste na posição. Pode ser que a bola bata nele e entre. E Otero, por que a titularidade indiscutível com a bolinha que tem jogado? E Hayner, por que não joga mais? Por que o lento, pesado e desajeitado Alex ao invés do menino Jair?
Outro fato estranhíssimo: por que sacou Joaquim e não Alex? Perdemos nossa única arma na bola alta. Enfim, o técnico santista teve uma tarde digna de Paulo Turra, Marcelo Fernandes e Diego Aguirre. Deu medo até de rebaixamento para a Série C. Não ria.
O técnico santista teve uma tarde digna de Paulo Turra, Marcelo Fernandes e Diego Aguirre
Ou Carille melhora bem o desempenho do time, ou terá vida curta à frente do clube. E olhe que gosto do trabalho dele, mas, repito, o jogo contra o Amazonas assustou-me de tal maneira que não o poupo mais. Tem bom salário, ótimas condições de trabalho e apoio da torcida.
Perder por jogar sem brio devia merecer dez chibatadas no lombo do treinador e de todos os jogadores que estiveram em campo nessa tragédia no Amazonas. Uma tarde-noite em que todos — sem exceção — desonraram a camisa e a história do Santos.
(*) Torcedor e sócio do Santos, jornalista, assessor na Receita Federal, pós-graduado em Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro pela Universidade Católica de Brasília (UCB); especializando-se em Criptoativos – Rastreamento, Ilícitos Criminais e Tributários (RFB).