COLUNA VAPT-VUPT
Ex-governador e ex-prefeito de Campo Grande por dois mandatos em cada cargo, André Puccinelli (MDB) terá na disputa pela Prefeitura da capital sua derradeira chance de se eleger para cargos majoritários. A última vitória foi em 2010, na reeleição para governador.
Passados 14 anos, o cenário atual na disputa pela Prefeitura de Campo Grande é altamente favorável ao emedebista. Os principais adversários não põem medo, ao contrário do que ocorreu em 2022 na eleição para governador, quando o Estado teve uma das disputas mais acirradas.
Há pelo menos quatro pré-candidaturas competitivas já confirmadas: Adriane Lopes (PP), Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT) e Rose Modesto (União Brasil).
Passados 14 anos, o cenário atual na disputa pela Prefeitura de Campo Grande é altamente favorável ao emedebista
A dúvida está no PL, partido que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro. A legenda não se entende no Estado, cujas lideranças batem cabeça, como biruta de aeroporto, mudando várias vezes de direção (ver aqui).
Negociações entre PL e MDB, contudo, intensificaram-se nos últimos dias, conforme apuração do MS em Brasília. Há boas chances de ocorrer aliança entre as siglas. Ao PL, caberia o cargo de vice-prefeito em chapa encabeçada por André Puccinelli.
O acordo resolveria dois problemas: colocaria o emedebista de vez na disputa e acabaria com a dúvida do PL, de lançar pré-candidatura própria ou se aliar a partido com chances de vitória, como é o caso do MDB.
Além do PL, André também ganharia o apoio de Capitão Contar, bolsonarista de maior densidade eleitoral no Estado junto com a senadora Tereza Cristina (PP), embora não haja conversa nesse sentido por parte do ex-candidato ao governo em 2022. Contar não disputará a eleição porque tem acordo com Bolsonaro de concorrer a uma das duas vagas ao Senado em 2026.
Além do PL, André também ganharia o apoio de Capitão Contar, bolsonarista de maior densidade eleitoral no Estado junto com a senadora Tereza Cristina (PP)
Com essa configuração, o ex-governador teria caminho favorável. Possivelmente, enfrentará duas máquinas públicas: a municipal, nas mãos da pré-candidata à reeleição Adriane Lopes, e a estadual, com o deputado federal Beto Pereira, embora o governador Eduardo Riedel não tenha perfil de interferir no processo eleitoral de forma não republicana.
O ex-prefeito terá ainda pela frente Rose Modesto, cuja campanha deverá contar com estrutura razoável, e Camila Jara com votos certos dos petistas.
Modesto, por exemplo, começa a pré-campanha da mesma forma do que em outras disputas, como à Prefeitura de Campo Grande em 2016 e a governador em 2022: discurso fraco e insegura. Pesará também contra ela o fato de ter ocupado cargo no governo Lula, como chefe da Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste, levada pelo deputado federal Vander Loubet e deputado estadual Zeca, ambos do PT.
Beto Pereira causará dor de cabeça ao PSDB. Faltam espontaneidade e conteúdo ao tucano. Também deverá ser cobrado por sua proximidade com o governo Lula. Quando não votou a favor da maioria dos projetos do Executivo, absteve-se em matérias polêmicas, o que depõe contra ele, já que se coloca como opção para tirar Campo Grande do caos deixado por Marquinhos Trad.
Adriane Lopes é caso perdido. Vacilou completamente desde que tomou posse no cargo de prefeita. Não conseguiu dar ritmo a sua gestão, presa à falta de coragem para baixar medidas amargas, de austeridade, enxugando a folha do funcionalismo, com demissões de cabos eleitorais do ex-prefeito Marquinhos Trad. Não há marketing que faça o eleitor da capital mudar de ideia em relação à incompetência dela como gestora.
Adriane Lopes é caso perdido. Vacilou completamente desde que tomou posse no cargo de prefeita
Ambiciosa, mas inexperiente. Essa é a deputada federal Camila Jara. Em dois anos, elegeu-se vereadora em Campo Grande e deputada federal. Quer ser prefeita, mas tem pouco a mostrar aos campo-grandenses. Também pesará contra ela as bandeiras petistas -– a favor do aborto e dos pequenos roubos, como de celulares, da ofensiva contra os produtores rurais, do apoio ao Hamas contra Israel, entre outras. Terá que explicar ainda o rombo recorde nas contas públicas, só visto durante a pandemia.
O desenho da disputa na capital — como se observa — está à feição para André Puccinelli. Depois de enfrentar série de denúncias ao deixar o Governo do Estado, a partir de 2015, o emedebista conseguiu se livrar, na Justiça, da maioria delas. Não há condenação nem investigação em curso contra o ex-governador.
Falta a André, por fim, reciclar o discurso e reavaliar certas posturas, como a ultrapassada estratégia de se “vender” como político humilde, andando pela cidade ao volante de um “velho uninho vermelho”. O eleitor amadureceu e quer alguém que resolva os problemas da sua cidade, que não são poucos.
André, com isso, pode encontrar terreno fértil para reforçar discurso de que se trata do único pré-candidato capaz de colocar ordem na capital, maltratada por várias gestões — do segundo mandato de Nelsinho Trad em diante, passando por Alcides Bernal e Gilmar Olarte, chegando a mais de cinco anos com Marquinhos Trad e fechando com a gestão de dois anos e nove meses de Adriane Lopes.
L’italiano vive!
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público