CAMPO GRANDE
Em pronunciamento recheado de frases de efeito e ditados populares, feito ontem (29), diretamente de um clube de tiro, o deputado federal Marcos Pollon se lançou pré-candidato a prefeito de Campo Grande. O anúncio do parlamentar se deve à notícia de que o PL em Brasília fechou aliança como PSDB na capital.
Além de negar aliança com o PSDB, o deputado fechou as portas do PL à Adriane Lopes (PP), afilhada política da senadora Tereza Cristina, que tem articulado o apoio de Jair Bolsonaro à reeleição da prefeita.
“Bom, para resumir é o seguinte: vocês queriam um candidato viável do PL. Então agora vocês têm. Sou pré-candidato a prefeito em Campo Grande, onde tive quase 40 mil votos na eleição passada e se cada um conseguir mais um voto, estou no segundo turno”, declarou.
Um dia antes, na sexta-feira (28), Pollon ameaçou, também em vídeo, que processaria a imprensa do Estado por, segundo ele, publicar fakes news contra ele desde que assumiu o mandato, em fevereiro de 2023.
“Chega de ser bonzinho com essa enxurrada de fake News. Estou apanhando da imprensa por mais de ano e não processei ninguém ainda porque sou a favor da liberdade de expressão, mas agora passou do limite”, declarou.
Na mensagem de ontem, o parlamentar disse que mantém a palavra de vídeo antigo, divulgado ontem nas redes sociais, em que ele afirma que não votaria nem na mãe dele, se ela fosse do PSDB.
“Confirmo tudo aqui o que falei em um vídeo antigo. Não tenho nada contra pessoas. Respeito o governador, sou amigo do Beto Pereira, estudamos juntos. O Reinaldo (ex-governador) é um monstro na política, mas o partido é alça da tesoura do PT”, resumiu.
Pollon também afirmou que não participou da reunião entre as cúpulas do PL e do PSDB em Brasília, em que teria sido batido martelo sobre o apoio da legenda aos tucanos em Campo Grande.
“Fui pego de surpresa com essa notícia da aliança. Fiquei quieto, estava esfriando a cabeça. Não procede que eu participei da conversa em Brasília. Fiquei a semana toda no Estado”, garantiu.
Biruta de aeroporto
O parlamentar, no entanto, não assumiu culpa sobre a falta de comando no PL em Mato Grosso do Sul. Desde que assumiu a presidência do diretório estadual, Marcos Pollon conduziu a legenda como entidade familiar, fechando-a para debates públicos. Prova disso é o fato de ele e demais dirigentes estaduais terem colocado esposas em postos-chave, no caso do PL Mulher.
Também pesou para que a agremiação ficasse como biruta de aeroporto, conforme mencionado em editorial do MS em Brasília (ver aqui), o fato de a direção estadual empurrar todas as decisões sobre as eleições municipais em Mato Grosso do Sul para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
E quando Brasília decidiu se manifestar sobre aliança, as correntes bolsonaristas no Estado se rebelaram, o que revela desalinhamento político entre as cúpulas nacional e estadual do PL.