LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA
Presidente estadual do PL, o deputado federal Marcos Pollon deverá ser mais um do partido a desistir de disputar a Prefeitura de Campo Grande, o que revela movimento político desalinhado das bases da agremiação no Estado.
Até agora já foram mencionados como possíveis pré-candidatos os deputados estaduais João Henrique Catan e Coronel David, o ex-deputado Rafael Tavares, além do Tenente Portela, 1º suplente da senadora Tereza Cristina e presidente do diretório em Campo Grande, com poder para tomar decisões em nome do partido.
No entanto, o bolsonarista de maior capital político, o ex-deputado Capitão Contar (PRTB), decidiu não sair candidato porque fez compromisso com Bolsonaro para disputar o Senado em 2026.
O maior objetivo do ex-presidente é fazer com que o Senado tenha parlamentares alinhados com o pensamento da direita, especialmente em relação a impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal, cujos pedidos têm sido engavetados por falta de votos.
O maior objetivo do ex-presidente é fazer com que o Senado tenha parlamentares alinhados com o pensamento da direita
Apesar de ter-se lançado pré-candidato no último sábado (29), Pollon o fez à revelia da direção nacional do PL, que fechou apoio ao tucano na capital. A decisão tomada em Brasília está mantida e não há pretensão do PL em voltar atrás.
A decisão ocorreu com o conhecimento do deputado federal Rodolfo Nogueira e do Tenente Portela. “O ex-presidente (Jair Bolsonaro) nos comunicou sobre a aliança. Há algo estranho nisso tudo”, comentou alta fonte ligada a Bolsonaro em Mato Grosso do Sul sobre a pré-candidatura de Pollon.
O MS em Brasília apurou também que Bolsonaro não teria gostado da atitude do deputado federal, de se lançar pré-candidato depois que se soube sobre as conversas entre PL e PSDB.
Sem comando
Com traço nas pesquisas divulgadas até o momento, Pollon não conseguirá viabilizar sua pré-candidatura até porque, o acordo selado em Brasília, está amarrado a possíveis alianças para a presidência em 2026, como o apoio tucano ao candidato do PL contra a reeleição de Lula.
Bolsonaro não teria gostado da atitude do deputado, de se lançar pré-candidato depois que se soube sobre as conversas entre PL e PSDB
Some-se a isso o fato de Marcos Pollon sempre ter empurrado qualquer decisão sobre os rumos em Campo Grande ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Qualquer nome ou apoio na capital passará pelo ex-presidente Jair Bolsonaro”, cansou de repetir Pollon nos últimos meses.
Ao perceber que Brasília havia tomado decisão, o presidente regional anunciou a pré-candidatura, dizendo-se surpreso com o desfecho da reunião entre as cúpulas do PL e PSDB. A estranheza é que o próprio Pollon construiu a narrativa de que era Bolsonaro quem decidiria.
O anúncio da pré-candidatura foi visto como tentativa honrosa do presidente estadual de não sair manchado do episódio, uma vez que, dias antes, circulou nas redes sociais vídeo em que Pollon dizia que não votaria nem na mãe dele se ela fosse filiada ao PSDB.