CAMPO GRANDE | BRASÍLIA
A polarização do debate político no país entre PT e PL pode interferir na definição do pré-candidato a vice na chapa do tucano Beto Pereira à Prefeitura de Campo Grande. As legendas têm os dois principais adversários do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na capital, PL e MDB brigam pela indicação do vice de Beto Pereira, conforme antecipado ontem (4) pelo MS em Brasília (ver aqui). Em eventual segundo turno, tucanos temem que o PT deixe de apoiar Beto Pereira, caso o nome do vice seja indicação do PL.
No partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, a favorita é a coronel Neidy Centurião, ex-subcomandante da Polícia Militar em Mato Grosso do Sul, também anunciada em primeira mão pelo MS em Brasília no início de junho (ver aqui).
Ocorre que a militar é filiada ao PSDB e teria que migrar para o PL antes da convenção partidária que homologará os candidatos. Esse movimento, no entanto, não foi bem recebido por bolsonaristas. Parte deles foi às redes sociais protestar contra a filiação de Centurião apenas para disputar as eleições.
No MDB, a situação é mais clara. Há certo consenso de que o vice do partido seja mulher, jovem, de preferência, com vivência na política e trabalhos desenvolvidos na área social.
Nesse caso, o nome cotado é o da secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Thaísa Lucena, 35 anos, também antecipado pelo MS em Brasília (ver aqui). Ela é também uma das coordenadoras da Marcha das Margaridas, movimento nacional de trabalhadoras do campo que lutam pela garantia de direitos sociais e contra a violência de gênero.
A preocupação do PSDB se apoia no fato de que o PT teria dificuldade para pedir voto a uma chapa formada por um vice do PL — maior adversário do presidente Lula no Congresso e possivelmente na eleição presidencial de 2026.
Se a composição for com o MDB, não haveria obstáculo, uma vez que o partido de André Puccinelli faz parte da base do PT no Congresso, além de compor o governo Lula, com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
“É colocar apoio com uma mão e tirar com a outra”, pondera um tucano, que pediu para não ser identificado. “Uma coisa é o petista saber que o PL está com o PSDB em uma ampla aliança; outra é que seu voto vá também para um bolsonarista, potencial rival numa cadeira de vice-prefeito amanhã”.